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Problema é decorrente do confinamento das pessoas devido à pandemia de coronavírus
Com o confinamento das pessoas devido à pandemia de coronavírus, a demanda por produtos não alimentícios ou de itens que não sejam de primeira necessidade vai despencar.
Isso, segundo economistas, tem um efeito secundário imediato: a explosão do desemprego.
“A demanda em geral deve cair 30%”, diz o professor sênior da Faculdade de Economia da USP, Helio Zylberstajn. “Existe um cálculo simplista de que quando isso acontece, a taxa de desemprego aumenta em dez pontos percentuais”, afirma ele. “Mas não me arrisco a dar chutes. Ações previstas em lei que o governo pode tomar são capazes de conter esse cenário”, diz.
Quais são as alternativas?
Entre elas, estão o chamado lay off – a suspensão do emprego por um tempo determinado. Nesse período, o empregado fica afastado do trabalho, sem receber. Mas a empresa tem o compromisso de readmiti-lo ao fim do período acordado.
Outra medida para conter a sangria de empregos é a redução da jornada de trabalho, também com diminuição do salário.
Algumas empresas já estão tomando essas decisões. A Gol vai reduzir a jornada e salários de seus funcionários em 35%.
Com cinemas fechados por decisão do governo do Rio de Janeiro e São Paulo, a rede Cinemark fez duas propostas que ainda precisam ser aprovadas pelo Ministério do Trabalho: um plano de demissão voluntária (PDV), com garantia de saque do FGTS, sem multa rescisória e um programa de qualificação profissional remunerado, no qual o funcionário participará de cursos online e receberá até 80% do salário líquido, excluídos adicionais e benefícios, sem trabalhar.
Rapidez
O governo deve agir mais efetivamente e rapidamente, segundo o professor de economia Pedro Paulo Bastos, da Unicamp.
“O problema todo é muito grave porque quando as pessoas deixam de comprar, o comércio deixa de fazer encomendas para as indústrias. E isso vai gerando um feito cascata que pode provocar desemprego em toda a cadeia”, diz ele.
Mas existem setores que sentirão a crise antes. “O de bares e restaurantes, por exemplo, é um setor que já deveria ter tido algum socorro do governo”, afirma ele. Essa redução da demanda, diz Bastos, pode beirar os 30% nessas áreas mais críticas.
Há quem ache que essa é uma perspectiva muito negativa. Mas o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, é bem pessimista. “Dos 6 milhões de trabalhadores que o setor tem no Brasil todo, 3 milhões podem perder o emprego em breve”, afirma.
No mundo, a crise criada pela pandemia pode aumentar o número de desempregados no mundo em quase 25 milhões, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgada na quarta-feira, 18.
Para evitar esse cenário, a OIT recomenda a ampliação da proteção social, o apoio à manutenção de empregos (ou seja, trabalho com jornada reduzida, licença remunerada e outros subsídios) e aos benefícios fiscais e financeiros, inclusive para micro, pequenas e médias empresas, como um intervalo no pagamento de impostos.
“Por isso precisamos tomar medidas agora para se evitar um caos social”, diz Bastos. Esse caos, num cenário bem pessimista, pode levar a saques, por exemplo.
Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) concorda. “Especular sobre quanto o desemprego pode aumentar, é difícil. Mas a certeza é que ele vai subir muito.
Na tentativa de evitar o pior, na França, por exemplo, o governo vai pagar o aluguel de empresas para que elas tenham menos custos fixos e preservem empregos.
“Medidas assim acalmam o empresariado, os trabalhadores e principalmente as pequenas e medias empresas, que são as que mais sofrerão.”
*6Minutos