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A produção de queijo com leite de cabras foi a solução de Ariano para enfrentar a seca dos anos 70
É no Cariri da Paraíba, no meio da vegetação da Caatinga, que é produzido um dos queijos mais saborosos do mundo!
O queijo Serra do Pico, produzido pelo laticínio Grupiara, ganhou a medalha de bronze no Mondial Du Fromage (“Concurso Mundial de Queijos”), em Tours, na França, no ano passado.
A Fazenda Carnaúba fica na cidade de Taperoá (PB). O queijo escolhido pelos franceses e apreciadores de vários outros países é feito a partir do leite da vaca maturado e, por isso, tem menos lactose.
Mas o carro-chefe da produção da fazenda são os queijos produzidos com leite de cabra. São 7 queijos com 12 variações.
Para regionalizar a produção, a fazenda abriu mão de ervas internacionais para utilizar ervas da Caatinga, como alfazema, marmeleiro, cumaru e aroeira.
E isso fez toda a diferença, dando um sabor que só esses queijos têm. A produção é artesanal e varia de acordo com as condições climáticas do ano.
O Brasil conquistou 56 medalhas no Mondial du Fromage de 2019, com produtores de Minas Gerais, São Paulo, Paraíba e Pará.
Realizada a cada dois anos, a competição é a Copa do Mundo de leite e queijo.
Ariano Suassuna teve papel importante na produção dos queijos
O produtor rural que coordena a Fazenda Carnaúba é Manelito Vilar, primo do escritor Ariano Suassuna. Ariano foi o primeiro investidor do negócio: o dinheiro para começar a produção veio de um prêmio de Literatura que o escritor ganhou.
A produção de queijo com leite de cabras nativas foi a solução encontrada por Ariano e Manelito para enfrentar a dura seca dos anos 70 no semiárido.
Com o valor que recebeu do Prêmio Nacional de Ficção com o romance A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, Ariano comprou 200 cabras para iniciar a produção porque são os animais mais resistentes às fortes temperaturas do Cariri da Paraíba.
“Na época todos diziam que os dois eram loucos, pois parecia impossível produzir queijo com leite de cabra”, disse Joaquim Dantas Vilar, filho de Manelito, e que hoje está no comando de toda a produção e comercialização de queijos da fazenda.
Ariano e Manelito questionavam o fato de a França ser um dos maiores exportadores e consumidores de queijo de cabra tendo apenas 960 mil cabeças de cabras.
Enquanto isso, o Brasil tinha 14 milhões. Foi esse questionamento que fez com que anos depois, o queijo feito no interior da Paraíba fosse premiado justamente lá, na França.
O próprio Ariano Suassuna desenhou a marca dos queijos, com ilustrações e letras feitas em estilo Armorial.
O movimento Armorial foi idealizado por Ariano para ressaltar elementos da cultura nordestina na música, grafia, desenho, arte.
Outra curiosidade é que a fazenda não estava conseguindo registrar os seus produtos junto à Secretaria Estadual de Agropecuária porque os nomes não condiziam com os do mercado, que geralmente são estrangeiros, como boursin ou chévre.
Mas os paraibanos conseguiram mostrar para todo o mundo os seus queijos com nomes bem brasileiros, como cariri, arupiara e borborema.