Emprego: Com educação ruim, falta trabalhador qualificado e sobram vagas

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  • Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 13:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:22
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Falta de mão de obra qualificada continua a afetar a competitividade, e atinge todas as áreas das empresas

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira, 10 de fevereiro, mostra que a baixa qualidade da formação educacional se reflete na capacitação profissional e dificulta o investimento das empresas na maior profissionalização dos seus quadros de funcionários. 

A sondagem, intitulada “Sondagem Especial — Falta de Trabalhador Qualificado”, aponta que a ausência de formação técnica, durante o ensino médio, é uma barreira no aprendizado de profissões.

Segundo Renato da Fonseca, gerente de pesquisas da CNI e um dos responsáveis pelo estudo, o grande problema no Brasil é o baixo nível da educação de forma geral. 

Na avaliação que faz sobre os resultados, o ensino médio ensina matérias superficialmente e não promove o aprendizado de profissões.

“O Brasil tem dois grandes problemas: o primeiro é a baixa qualidade da educação de forma geral; o segundo é o foco no ensino médio no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares”, explica.

Números relativos a 2011 e a 2013 destacam que o percentual de indústrias que afirmam ter problemas com falta de mão de obra qualificada diminuiu de 66%, em ambos os anos, para 50% em 2019. 

Mas o problema continua a afetar a competitividade, e atinge todas as áreas das empresas.

Renato defende que uma boa rota rumo à profissionalização seria o ensino de profissões no ensino médio. 

Prega que devido à falta de estrutura nas escolas, o Senai (Serviço Nacional da Indústria) e o Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem no Transporte) deveriam ter sua capacidade aumentada, uma vez que possuem os equipamentos para a formação de jovens capazes de se integrar  aos processos de crescimento em produtividade e competitividade.

“O país está muito atrasado nisso. É importante que o trabalhador tenha acesso a uma boa política de emprego, e que o governo provenha aos desempregados algum tipo de qualificação”.

Entre as principais dificuldades enfrentadas pelas empresas que querem investir em capacitação, está a falta de interesse dos trabalhadores. 

Por causa disso, Renato diz que também tem a ver com uma questão cultural: “É preciso quebrar a barreira da sociedade, que acha que só graduação é importante. Muitas empresas só querem alguém com nível técnico”.

A pesquisa da CNI defende que a reforma do ensino médio brasileiro “representa um passo importante ao abrir espaço para trajetórias em cinco itinerários formativos, entre elas, a formação técnica e profissional.”

No Brasil apenas 9,7% das matrículas do ensino médio são em cursos de educação profissional. 

Em países como Áustria e Finlândia, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o percentual de é de uns 70%.

*Correio Braziliense


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