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Como é de praxe nas redações da Fuvest, o assunto proposto é filosófico, porém é provocativo
A prova de redação da Fuvest 2020, aplicada neste domingo (5), trouxe como tema “O papel da ciência no mundo contemporâneo”.
Mesmo sem acesso à coletânea de textos que a prova sempre traz consigo, especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que o tema é bastante atual e que traz uma discussão universal.
Como é de praxe nas redações da Fuvest, o assunto proposto é filosófico, porém é provocativo, à medida que o atual governo faz críticas contumazes à produção científica brasileira.
No Vestibular 2019, por exemplo, o tema foi “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente…. –
De acordo com Carolina Achutti, professora de português e redação do curso Descomplica, a prova exigiu do estudante atenção à importância da ciência na era da pós-verdade, em que as fake news estão cada vez mais sendo difundidas.
“O tema foi perspicaz quando se considera que no último ano vimos cortes absurdos de bolsas de pesquisas científicas e a universidade pública brasileira ser escrachada em rede nacional.
“A Fuvest trouxe uma provocação extremamente relevante”, afirma professora, lembrando que a Universidade de São Paulo (USP) é uma das maiores produtoras de ciência e de conhecimento no Brasil.
Segundo Carolina, os estudantes precisavam ter em mente como as “pseudociências” estão tomando o lugar de teorias comprovadas cientificamente.
O professor Sérgio Paganim, coordenador de linguagens do Anglo Vestibulares, concorda com a avaliação de Carolina.
Abordagens possíveis
“O tema da redação da Fuvest 2020 pode levantar mil possibilidades. Por exemplo: o aluno poderia pensar em uma discussão sobre o papel do Estado na promoção da ciência em prol da sociedade ou no papel das grandes instituições públicas na produção e divulgação da ciência”, avalia Paganim.
De acordo com os professores de redação, outra abordagem poderia ser a relação entre a ciência, a verdade e as fake news.
“Por exemplo, o estudante poderia falar sobre como a ciência oferece respostas que não são ideológicas, como a defesa anti-vacina ou o terraplanismo”, diz.
De acordo com Maria Aparecida Custódio, do laboratório de redação do Objetivo, outra possibilidade seria levantar a importância da democratização da ciência para que as pessoas não caiam nas teorias da conspiração.
“É um tema universal, que ultrapassa as questões que estamos vivendo no Brasil. Um caminho poderia ser dissertar o acesso à ciência porque há um distanciamento entre a produção e a população que abre espaços para as teorias conspiratórias”, afirma Maria Aparecida..
Outro caminho possível na argumentação, segundo Maria Aparecida, é a reflexão sobre como desenvolvimento da tecnologia pode aumentar ainda mais as desigualdades.
“Os menos favorecidos não conseguiriam pagar por um tratamento de ponta descoberto a partir de pesquisas científicas, por exemplo”.
Como é feita a pontuação?
O primeiro dia de prova vale 100 pontos, sendo 50 pontos para a prova de redação e 50 pontos para a de português.
A segunda prova também vale 100 pontos, sendo formada por 12 questões com o mesmo valor.
Nesse dia, o candidato pode ser avaliado em duas a quatro disciplinas, dependendo da carreira escolhida.
Se forem duas disciplinas, haverá seis questões para cada uma delas. Se forem três disciplinas, haverá quatro questões para cada uma.
Se forem quatro disciplinas, haverá três questões para cada uma. A nota final do candidato será a média aritmética simples das três provas (primeira fase + as duas provas da segunda fase).