Estresse infantil existe, pode ser tóxico e causar danos a longo prazo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de abril de 2019 às 22:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:30
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O estresse tóxico aparece principalmente nas crianças com a agenda cheia de compromissos

Nas grandes cidades tem sido cada vez mais comum
encontrarmos adultos estressados e com uma rotina corrida. O problema é que os
efeitos nocivos desse estilo de vida têm afetado também as crianças,
acarretando muito mais problemas de saúde física e mental na turminha do que se
imagina.

A médica pediatra Dra. Flavia Oliveira, conta que o
estresse tóxico aparece principalmente nas crianças com a agenda cheia de
compromissos, que acabam sobrecarregadas de atividades e são cobradas pelo alto
desempenho, além daquelas que passam por algum tipo de abuso ou violência, seja
ela física ou verbal.

Ou ainda crianças que fazem o uso exagerado de
tablets e celulares. “A criança estressada apresenta menor desenvolvimento
cognitivo, dificuldade de aprendizado, distúrbios do sono e de comportamento.
Futuramente, podem ser adultos com hipertensão, obesidade, depressão e doenças
cardíacas”, conta Dra. Flavia.

Um estudo feito pela Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP) mostrou que o estresse infantil pode ser dividido em três
tipos: positivo, tolerável e tóxico. A divisão é feita de acordo com as reações
às situações estressoras.

O estresse positivo é gerado por situações
cotidianas da criança, como ir à escola, tomar vacinas, injeções. As crianças
têm de passar por essas situações, que podem ser trabalhadas para que elas
aprendam a lidar com frustrações.

O estresse tolerável ocorre quando a criança passa
por uma situação com um nível acima do que ela conseguiria lidar. Porém, mesmo
sendo um estresse elevado, o suporte familiar adequado pode ajudá-la a criar e
trabalhar estratégias para suportar o momento. Exemplo disso é a morte de um
parente ou mudança de alguém próximo à criança. 

Já o estresse tóxico é
resultado de situações graves o suficiente para superar a capacidade da criança
de lidar com os desafios, mas ela não tem estratégias para lidar. “Isso
eleva o nível de cortisol no sangue, ocorre uma descarga de adrenalina e pode
levar à perda de sinapses e limitações posteriores no aprendizado”, diz
Dra. Flavia Oliveira.

A pediatra lembra que o estresse é considerado
tóxico quando é recorrente e vem associado a um estímulo negativo que libera
reação em cadeia ruim para o organismo: o coração acelera, a criança fica
ansiosa e essa descarga vira uma rotina, fazendo com que o organismo tenha uma
reação exacerbada diante de qualquer dificuldade”.

As frustrações devem permear a infância da
turminha, segundo a pediatra, para que possam aprender a lidar com os fatos
negativos e a encarar que há solução para os problemas. “A agenda de
miniexecutivo e a pressão para ser o melhor podem influenciar muito
negativamente o desenvolvimento infantil e cabe aos pais aprenderem a lidar com
isso da melhor forma para ensinarem os pequenos de que nem sempre seremos os
melhores em tudo e está tudo bem com isso”, conclui a médica.


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