“Dívida da confederação já caiu para R$ 10 milhões”, revela presidente da CBB

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de novembro de 2018 às 07:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:10
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Atual presidente da CBB, Guy Peixoto, tem motivo para comemorar momento

O semblante é de alívio. A situação ainda é difícil, poucas receitas e sem um patrocinador robusto, mas o presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), Guy Peixoto, tem motivo para comemorar. 

Ele enxugou gastos, resolveu pendências na Justiça e viu a dívida cair de R$ 40 milhões para R$ 10 milhões após um ano e meio de gestão – foi eleito em março de 2017.

Em março, o senhor confirmou R$ 40 milhões de dívida. Hoje, qual o tamanho dela?

As notícias são boas. A dívida que recebemos de R$ 40 milhões já está em R$ 10 milhões e ainda estamos negociando com credores. Foi um pulo absurdo que conseguimos dar em um ano e meio de gestão. Estou muito mais tranquilo. Peguei uma empresa quebrada e começamos um processo de enxugá-la. Vou dar um exemplo: tínhamos uma folha de pagamento de quase R$ 300 mil, com 30 funcionários. Hoje temos uma folha de quase R$ 60 mil e 12 funcionários, que, com certeza, são muito mais competentes do que tínhamos antigamente. Tinha também toda uma verba de presidência que atualmente é revertida para o desenvolvimento do basquete. Eu continuo bancando as minhas despesas.

O que entra de receita na CBB?

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) garante as seleções masculina e feminina adulta e de base viajando e jogando, inclusive os treinamentos. O dinheiro do COB também ajuda com os salários dos dois treinadores (Alexsander Petrovic e Carlos Lima). A Motorola, nosso único patrocinador, banca a estrutura, luz, água, funcionários. E estamos trabalhando com projetos incentivados. Aí será o nosso pulo do gato. Temos duas, três empresas já dispostas a nos ajudar. Aprovamos semana passada o valor de R$ 2,5 milhões para realizar nosso primeiro campeonato de base de seleções, que será sub-13.

O Petrovic disse que fica mais na Croácia do que aqui por causa da dificuldade financeira da CBB. Quando o senhor espera tê-lo mais tempo no Brasil?

O Petrovic está à disposição da confederação 24 horas por dia. Vivemos em uma era em que a internet nos deixa ligados com tudo. Tenho uma empresa com 20 filiais e, se eu não tiver internet, não poderia ir à Europa, visitar a Fiba (Federação Internacional de Basquete) para resolver problemas ou até para negócios da minha empresa. O Petrovic, mesmo na Europa, não perde nenhum jogo dos nossos jogadores. Todos são transmitidos. Mas é claro que gostaria de tê-lo aqui para participar de clínicas. Por isso, nesta vinda dele (para os jogos das Eliminatórias) estamos acertando quatro clínicas até o final de dezembro. Mas tudo isso depende de um patrocínio para bancar.

O basquete 3×3, que é modalidade olímpica, ficou em segundo plano também por causa da falta de dinheiro?

Todos os patrocinadores que estamos conversando querem o 3×3, o que é excelente. A menina dos olhos da confederação é o 3×3. Temos um funcionário apenas para cuidar disso, 100% dedicado. O que aconteceu é que tínhamos tudo programado para realizar quatro etapas e 15 dias antes de começar o patrocinador teve um problema e me deixou falando sozinho. Mas as próximas etapas estão confirmadas.

E o basquete feminino?

Estamos sofrendo no adulto. A maioria dos clubes não olha para o basquete feminino. Temos feito um trabalho com os presidentes das federações para que possamos colocar alguma obrigatoriedade dos times de terem duas ou três categorias de base no feminino. O vácuo é muito maior no feminino do que no masculino, mas existe matéria-prima. Posso garantir que não estamos parados. Estamos mais preocupados com o feminino do que com o masculino.

O fortalecimento da base tem sido o seu maior compromisso?

É impressionante a qualidade dos brasileiros para o basquete. Pequenas ações já deram resultados. Você precisava ver os jogos da seleção brasileira (masculina) sub-15 contra Argentina e Uruguai (na conquista do Sul-Americano). Parecia um time formado por veteranos. Colocamos 1.500 garotos em quadra no ano passado em torneios da CBB, neste ano mais 1.500. O nosso projeto para o ano que vem são 3 mil e eu quero chegar aos 10 mil. A salvação do basquete brasileiro está nos campeonatos de base de clubes e seleções.


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