Multas por uso de celular ao volante aumentam mais de 30% em 2018

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de setembro de 2018 às 20:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:02
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Riscos e ameaças no uso de celular ao volante foram reforçados durante a Semana Nacional de Trânsito

Apenas nos primeiros
sete meses deste ano, o número de multas aplicadas a quem usa o celular
enquanto dirige já é 33% maior do que em todo o ano passado. Os dados
são do Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), mantido pelo
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

De janeiro a julho, segundo o órgão, esse tipo de infração
resultou na aplicação de 759,7 mil multas em todo o país. Ao longo de 2017, as
multas impostas pelo uso de celular ao volante somaram um total de 571,6 mil.

O alerta sobre os riscos e ameaças no uso de celular ao volante
foi reforçado durante a Semana Nacional de Trânsito, que começou no último dia
18 e vai até a próxima terça-feira, 25 de setembro.

Especialista em trânsito e gerente técnico do Observatório
Nacional de Segurança Viária (ONSV), o advogado Renato Campestrini,
ressaltou que não há nada no celular que se sobreponha à segurança no trânsito.
“É preciso maior conscientização. Nenhuma ligação ou mensagem é mais
importante do que você arriscar a tua vida e a de outros no
trânsito.”

Gravíssima

Classificada como “gravíssima” pelo Código de Trânsito
Brasileiro (CTB), a infração por uso de celular ao volante pesa no bolso. São
R$ 283,47, além de sete pontos anotados na Carteira Nacional de
Habilitação (CNH).

A multa pode ainda ser combinada com outro tipo de infração, a
condução de veículo sem as duas mãos ao volante, que custa R$ 130,16 e
rende mais cinco pontos na carteira.

O acúmulo de 20 pontos ou mais, em um período de até 12 meses,
implica na suspensão da CNH. Mesmo com o carro parado no semáforo ou no
engarrafamento, o manuseio de aparelhos eletrônicos continua sendo infração
passível de multa. 

Riscos

Os riscos vão além do bolso e da possibilidade
de ter o direito de dirigir suspenso. De acordo com a Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego, o uso de celular ao volante já é a terceira
maior causa de fatalidades no trânsito do Brasil. Anualmente, o trânsito tira a
vida de mais de 37 mil pessoas no país.

Estudos internacionais indicam que manusear o celular durante
a direção é tão perigoso quanto dirigir sob o efeito de álcool. Estima-se
que teclar ou atender uma ligação ao volante amplia em 400 vezes a chance de
provocar um acidente. “Usar o celular ao volante tira completamente a
atenção do motorista. A uma velocidade de 100 km/h, se percorre uma enorme
distância em apenas poucos segundos, por isso uma distração pode ser
fatal”, afirmou Renato Campestrini, advogado, especialista em trânsito e
gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).

Campestrini
informou que aumentou “de forma significativa” o número de pequenas
colisões no trânsito relacionadas ao uso do celular. “O motorista, às
vezes, está parado atrás de outro veículo, fica olhando o celular, e
quando arranca acaba colidindo com o carro da frente, porque perdeu a noção da
distância. Isso é muito comum hoje em
dia”, exemplifica.   

Mudanças

Até 2016, o uso de celular ao volante era uma infração média. O
crescente número de acidentes fez com que uma alteração no CTB a transformasse
em infração gravíssima. Mesmo com maior rigor, os números sugerem que a
prática segue ocorrendo.

De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, para 72% dos
brasileiros entrevistados, o uso do celular enquanto se está dirigindo, seja
escrevendo ou lendo mensagens, é a infração que mais cresceu nos últimos
dois anos.

O levantamento, realizado em junho deste ano, foi contratado
pela Seguradora Líder, responsável pela administração do Seguro de Danos
Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Seguro DPVAT). O
mesmo percentual de entrevistados (72%) admitiu que faz manuseia o celular
ao volante.  

Omissão

Uma possibilidade para tornar ainda mais grave esse tipo de infração
seria impor o chamado “fator multiplicador” na aplicação da multa. É
o que ocorre, por exemplo, para quem é multado por dirigir sob o efeito de
álcool. Também classificada como gravíssima, o valor da multa é multiplicado
por 10, atingindo o patamar de R$ 2.834,70. “Uma opção seria aplicar
um fator multiplicador de três ou de cinco para quem usa celular ao
voltante”, apontou Campestrini, gerente técnico do Observatório
Nacional de Segurança Viária.

Apesar de punir o
manuseio do celular, a legislação brasileira ainda é omissa sobre o uso do
telefone por meio da tecnologia bluetooth, que permite a conexão sem
fio do aparelho com o sistema do som do carro.

A ferramenta permite
ao motorista falar ao telefone enquanto dirige sem precisar segurar o aparelho.
“Mesmo no bluetooth, a concentração do motorista é menor. Há
correntes que defendem essa proibição, mas isso ainda não vingou no
Brasil”, afirma Campestrini.

Pedestres

O uso de celular no trânsito também é um risco para os
pedestres. É cada vez mais comum o registro de atropelamentos de pessoas que
estavam distraídos com o seu smartphone no momento de atravessar uma
rua ou um cruzamento.

Ler, digitar, falar e usar o fone de ouvido pode aumentar pode
tirar completamente a atenção do pedestre na rua. Há estimativas que
indicam um aumento em até 80% na chance de um acidente nessas
circunstâncias.  


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