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Estudo mostra que jovens dos anos 2000 são mais capazes de adiar a recompensa do que as de outras décadas
As crianças dos
dias de hoje esperam por mais tempo para receber uma recompensa do que as
das últimas décadas. É isso o que aponta um estudo publicado pela Associação
Americana de Psicologia.
A
pesquisa trouxe de volta à tona o famoso “teste do marshmallow” realizado nos
anos 1950.
Esse experimento,
liderado pelo psicólogo Walter Mischel, funcionava assim: crianças de 3 a 5
anos recebiam a opção de comer um doce (por exemplo, um marshmallow)
imediatamente ou de esperar alguns minutos e ganhar um doce ainda maior (ou
dois desses doces). Os pesquisadores deixavam o(a) pequeno(a) sozinho(a) na
sala, frente a frente com a comida, e espiavam, através de um espelho de
sentido único, quantos minutos esperariam pela recompensa.
O estudo publicado
no último dia 27 de junho se baseou nos resultados desse teste e em replicações
do experimento feitas nos anos seguintes para comparar o tempo que as crianças
aguardavam pelo doce grande, que servia como uma gratificação. A conclusão foi
de que os jovens dos anos 2000 são mais pacientes nesse sentido.
Em contraste com as
pesquisas da década de 1960, os contemporâneos superaram em dois minutos o
tempo dos anteriores. Quando confrontadas com as crianças dos anos 1980, as
atuais superam o seu tempo de paciência em 1 minuto.
Os
pesquisadores descobriram também que os adultos de hoje achavam que as crianças
seriam impulsivas e pouco resignadas. Aproximadamente 358 habitantes dos
Estados Unidos foram questionados sobre quanto tempo achavam que os jovens de
2000 esperariam por uma recompensa muito gratificante em comparação com os de
1960. Cerca de 72% dos entrevistados acreditava que o tempo de espera seria
menor, e 75% achou que os experimentos atuais apontariam uma diminuição no
autocontrole.
Os resultados não
são apenas curiosos, mas também indicativos de um futuro positivo. A habilidade
de adiar gratificações quando criança foi associada com vários indícios
positivos na adolescência e nas fases posteriores da vida, como melhor
desempenho acadêmico, relações de qualidade com os colegas e até mesmo um peso
saudável.
Um
dos coautores, o psicólogo Yuichi
Shoda, da Universidade de Washington, afirmou que as conclusões da equipe são um bom
exemplo de como a intuição pode estar errada, o que reforça a necessidade de se
pesquisar.
As
possíveis causas para a diferença encontrada no tempo de espera, de acordo com
a equipe de pesquisadores, são várias, e vão desde o aumento no QI dos jovens
ao longo das últimas décadas (decorrente das mudanças na economia e na
globalização e das novas tecnologias sendo sempre atualizadas) até o
crescimento do número de crianças na escola (nos Estados Unidos, a quantidade
de pessoas de 3 e 4 anos matriculadas aumentou cerca de 50% entre os anos de
1960 a 2000).