Franca poderá ter lojas do “Compre Bem” concorrente de Savegnago e Gimenes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de junho de 2018 às 08:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Redes regionais elevaram faturamento em 7,1% real em 2016 e em 4,6%, também real em 2017

​Savegnago, Nagumo, Lopes, Shibata, Chama, Leve Mais, Tauste. Essas são algumas redes do Estado de São Paulo que, a partir do segundo semestre, poderão concorrer diretamente com a marca de supermercados Compre Bem. 

A bandeira está sendo relançada pelo GPA especialmente para enfrentar as empresas regionais do varejo alimentar. A ideia é rodar um piloto, convertendo 20 supermercados Extra para a nova bandeira ainda neste ano, a partir do final de agosto ou início de setembro.

O objetivo do projeto é ter uma operação igual à das redes que atuam regionalmente e que atraíram a atenção da gigante varejista pelo expressivo avanço em vendas. 

Para se ter uma ideia, as redes regionais elevaram o faturamento em 7,1% real em 2016 e em 4,6%, também real, no ano passado, apesar da deflação de alimentos, conforme dados do 47º Ranking do Supermercado Moderno. Mas, afinal, o que uma companhia que tem um imenso poder de barganha como o GPA almeja nos regionais? 

“Sortimento individualizado, serviço forte no açougue e nos perecíveis em geral, simplicidade e proximidade com o cliente”, cita Belmiro Gomes, presidente do Assaí e agora também do Compre Bem. 

Outro ponto importante é a agilidade. Nas redes regionais, o dono está mais próximo ou há maior autonomia da loja para decidir, enquanto nas grandes corporações as decisões costumam ser mais centralizadas e passar por muitos níveis hierárquicos. 

Segundo Gomes, é por esse motivo que se criou uma empresa independente, com estrutura, CNPJ e equipes próprias de operação, comercial, marketing e logística. “A ideia é sermos mais ágeis desde o cadastramento de produtos até a definição do preço de venda”, diz o executivo. 

Gomes também afirma que o modelo de precificação será menos focado no high low (ofertas constantes, como acontece nas bandeiras Extra Hiper e Extra Supermercado) e que a política comercial será mais estável. 

O presidente do Compre Bem e do Assaí explica que as compras serão totalmente independentes, o que inclui também as categorias básicas de mercearia. 

Segundo ele, a ideia é que a nova divisão seja atendida pelo fornecedor dentro da mesma estrutura criada para as redes regionais. 

Isso significa que a divisão Compre Bem vai abrir mão da escala adquirida pelo Grupo? Segundo consultores ouvidos pela equipe do Supermercado Mercado, isso não deve acontecer. 

O time comercial deverá pressionar o fornecedor por condições semelhantes às do Assaí ou do Multivarejo, que são muito difíceis de serem alcançadas pelos regionais. 

Apesar da vantagem comercial, o projeto enfrenta desafios. “O GPA não tem expertise no modelo regional”, afirma um especialista, que preferiu não se identificar. De acordo com ele, é provável que, após rodar os pilotos por algum tempo, seja necessário promover ajustes. 

“Acredito que o modelo ainda não esteja totalmente redondo. Muitas das redes com as quais eles pretendem concorrer atuam fortemente no high low”, avalia. 

Entre as fortalezas dos regionais, diz esse consultor, está a grande concentração de lojas numa localidade. Para entender o raciocínio: enquanto um regional pode ter 10 lojas numa região específica, o GPA vai ter apenas uma unidade na cidade, por exemplo.

Em outras palavras, as redes locais têm uma boa cobertura de mercado, o que ajuda a diluir alguns custos, como a distribuição de tabloides de ofertas, por exemplo – estratégia que o GPA pretende adotar no Compre Bem, uma vez que não haverá divulgações da marca em veículos de massa. 

Custo baixo, aliás, é uma das propostas do Compre Bem. As lojas deverão ter despesas 20% inferiores a um Extra Supermercado. “

Olhamos linha a linha para identificar onde era possível diminuir o custo sem prejudicar o serviço”, afirma Sérgio Leite, diretor-executivo do Compre Bem. Algumas frentes são o recebimento de perecíveis diretamente na loja e a otimização de gastos com energia, entre outras. 

As unidades Compre Bem terão cerca de 1.700 m2 e contarão com 7.000 itens no sortimento. Os perecíveis representarão em torno de 35% a 40% do mix. 

“Esses produtos são responsáveis pela fidelização dos consumidores. Por isso, teremos, por exemplo, atendimento no açougue, com cortes na hora para o cliente. Nosso foco será a compra repositora”, explica Leite. 

O investimento na conversão das lojas vai girar em torno de R$ 100 milhões a R$ 130 milhões nas 20 unidades. 

A companhia avalia que cerca de metade das 187 lojas Extra Supermercado poderão se transformar em Compre Bem. 


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