Trabalho a distância depende de mudança cultural de empregadores

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de abril de 2018 às 11:23
  • Modificado em 12 de janeiro de 2021 às 21:10
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Para a Sobratt, são inúmeros benefícios adquiridos no caso de trabalho em casa ou espaços coworking

A adoção do teletrabalho em larga
escala ainda depende de mudanças culturais tanto das empresas e demais
empregadores quanto dos gestores públicos, segundo os especialistas que participaram
na última segunda-feira, 16 de abril, em audiência pública na Câmara Municipal
de São Paulo.

Um grupo vem elaborando o texto com
incentivos para esta modalidade de ocupação, e deverá divulgar a primeira
versão no final de junho. “Existe muito na cabeça do gestor achar que, para a
pessoa trabalhar a distância, tem que ficar olhando para ver se ele está
trabalhando”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e
Teleatividades (Sobratt), Cléo Carneiro, sobre hábitos que precisam ser
superados.

Carneiro destacou que são muitos os
benefícios adquiridos no caso de trabalho em casa ou a partir de espaços mais
próximos das residências, como escritórios coletivos de trabalho (coworking).
“As pesquisas mostram que por essas razões a produtividade aumenta”, ressaltou.

Pesquisa divulgada em 2017 pela
organização não governamental Nossa São Paulo mostrou que 34% dos residentes na
cidade de São Paulo gastam entre 1 e 2 horas para se descolar de casa para o
trabalho. A média dos deslocamentos diários ficou em 2h02 para os que usam
carro e de 2h11 para os passageiros do transporte público. Entre os
entrevistados, 17% disseram que estudam ou trabalham em casa.

Para o presidente da Sobratt, a
melhora no desempenho dos trabalhadores está diretamente ligada aos ganhos de
qualidade de vida. “Melhoria da qualidade de vida das pessoas, através da
eliminação do tempo de deslocamento, eliminação do stress do trânsito, aumento
do tempo para se dedicar à família, desenvolvimento profissional”, disse, ao
relacionar o trabalho remoto a uma redução dos congestionamentos nas grandes
cidades.

Mudanças

O especialista em mobilidade urbana
da organização não governamental WRI, Guillermo Petzhold, defende que os
empregadores precisam incorporar essa nova maneira de produzir para que possam
ocorrer mudanças. “As organizações, sejam empresas privadas ou a prefeitura,
que é um dos maiores empregadores da cidade, também têm papel fundamental em
influenciar a forma como a gente se desloca”, ressaltou.

Petzhold disse que o Poder Público
tem papel importante para redirecionar os recursos investidos atualmente no
transporte individual. “Também precisa de um trabalho de mudança cultural de
incentivos econômicos e de políticas públicas para que isso seja implementado e
gere benefícios para as nossas cidades”, acrescentou.

Legislação

Existem diversas ferramentas que
permitem acompanhar o trabalho dos funcionários mesmo à distância, segundo o
vice-presidente da empresa Mutant, Thiago Paretti. A empresa é especializada em
desenvolver aplicativos para esse tipo de sistema. “O colaborador coloca o dedo
e se loga (entra no sistema). Em tempos aleatórios, o aplicativo solicita que o
trabalhador coloque o dedo novamente para verificar se é ele mesmo durante todo
o horário de trabalho”, exemplificou, sobre tecnologias que permitem não só o
monitoramento como a comunicação remota.

Os possíveis riscos jurídicos aos
empregados com o trabalho não presencial foram bastante reduzidos com a nova
legislação trabalhista aprovada no ano passado, de acordo com o presidente da
Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação,
Sérgio Galindo. “Agora, a gente tem uma nova avenida. Com a aprovação da
reforma trabalhista conseguimos reduzir drasticamente o risco jurídico que havia
no teletrabalho. O trabalho à distância agora está na CLT”.


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