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A situação é agravada porque muitos aposentados desconhecem seus direitos e não têm informações que lhes permitam contestar os descontos
Os descontos indevidos nas aposentadorias têm se tornado um tema preocupante em todo o Brasil.
Recentemente, uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) trouxe à luz a alarmante realidade de que quase todos os aposentados entrevistados estão enfrentando cobranças não autorizadas em seus benefícios.
O estudo revelou que 98% dos 1.273 aposentados ouvidos nunca autorizaram os descontos, e a situação levanta sérias questões sobre a ética e a legalidade das práticas adotadas por certas associações.
Os dados da CGU indicam que entre os aposentados entrevistados, 96% disseram não ter qualquer relação com as associações que realizam esses descontos. A auditoria foi motivada por reportagens do Metrópoles, que revelaram a arrecadação bilionária dessas entidades, levando a CGU a investigar mais profundamente.
Bilhões
Em menos de um ano, entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2024, essas associações faturaram mais de R$ 2 bilhões.
A ACGU estima que essa tendência continuará a crescer, podendo alcançar R$ 2,6 bilhões em 2024. Esse aumento se deve à autorização de descontos diretamente na folha de pagamento dos aposentados, sem o devido consentimento.
Essas associações, muitas vezes, justificam as cobranças pela oferta de serviços que vão desde seguros até auxílios diversos.
Entretanto, diversas investigações e ações judiciais indicam que muitos aposentados nunca ouviram falar dessas entidades e foram surpreendidos com o desconto de mensalidades que podem ultrapassar os R$ 70 por mês, afetando ainda mais suas já limitadas finanças.
Fiscalização da CGU
A CGU começou suas investigações em abril de 2024, após a divulgação das reportagens que destacaram a “Farra do INSS”.
O foco se concentrou em 31 entidades que operam com descontos diretos, e a auditoria revelou evidências claras de que muitos dos aposentados entrevistados não tinham relação com essas associações.
Isso não apenas levanta questões sobre a transparência de tais práticas, mas também sugere a possibilidade de fraudes sistemáticas.
Sem filiação
Um dos achados mais chocantes da auditoria foi que 100% dos entrevistados de algumas entidades afirmaram não ter se filiado a elas.
Além disso, muitos entrevistados relataram que não havia como ter assinado autorizações para os descontos, especialmente no caso de aposentados com deficiência, idosos acamados, indígenas com dificuldades de leitura e moradores no exterior.
Tais informações ressaltam a necessidade urgente de ações efetivas para proteger os direitos dos aposentados e coibir práticas fraudulentas.
Impactos
Os impactos financeiros dos descontos indevidos são devastadores. Estima-se que o INSS registrou ao menos 1 milhão de casos de descontos inadequados, resultando em cerca de R$ 45 milhões em fraudes.
Esse cenário não apenas prejudica financeiramente os aposentados, mas também gera um profundo estresse emocional, exacerbando problemas de saúde e comprometendo a qualidade de vida desses indivíduos.
Os mais vulneráveis, como aqueles que dependem exclusivamente de suas aposentadorias para viver, ficam especialmente expostos.
Segundo o portal Estado de Minas em Foco, a situação é agravada pelo fato de muitos aposentados desconhecerem seus direitos e não terem acesso a informações que lhes permitam contestar os descontos. Portanto, é crucial aumentar a conscientização e fornecer acesso a informações claras sobre os direitos dos aposentados.