Por que amamos tanto carboidratos? Resposta pode estar no DNA!

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 21 de outubro de 2024 às 21:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

O caso de amor da humanidade com o amido presente nos carboidratos parece ser mais antigo do que imaginávamos

A preferência alimentar pelos carboidratos é muito mais antiga do que o mundo pensava – foto Arquivo

 

Um novo estudo sugere que o consumo de carboidratos pelos humanos modernos pode ter começado bem antes do surgimento da nossa espécie.

A visão antiga de que os primeiros humanos se alimentavam principalmente de carne, especialmente de grandes animais como mamutes, está sendo desafiada.

Evidências arqueológicas indicam que, há muito tempo, os humanos assavam tubérculos e alimentos ricos em amido, e uma nova pesquisa oferece a primeira prova genética dessa antiga preferência alimentar.

O estudo, publicado na revista Science, analisou a evolução de um gene chamado AMY1, responsável pela produção de amilase, uma enzima que decompõe o amido em açúcares simples, facilitando sua digestão.

De acordo com os pesquisadores, o número de cópias desse gene se duplicou muito antes do advento da agricultura, sugerindo que o consumo de carboidratos era comum mesmo antes do surgimento do Homo sapiens.

Gene AMY1: Um Passo Evolutivo Importante

Pesquisadores do Jackson Laboratory, em Connecticut, e da Universidade de Buffalo, em Nova York, estudaram genomas de humanos antigos e descobriram que caçadores-coletores de até 45.000 anos atrás já tinham de quatro a oito cópias do gene AMY1.

Isso sugere que o Homo sapiens desenvolveu uma predisposição genética para digerir amido muito antes de começar a plantar e colher alimentos.

Além disso, o gene AMY1 também foi identificado nos genomas de neandertais e denisovanos, indicando que essa característica já estava presente em um ancestral comum dessas linhagens humanas há cerca de 800.000 anos.

A duplicação do gene provavelmente foi um evento aleatório que proporcionou uma vantagem evolutiva, permitindo a adaptação a dietas ricas em amido à medida que os humanos se espalhavam por diferentes ambientes.

Impacto na Evolução Humana

Os carboidratos, ao contrário do que se pensava anteriormente, podem ter desempenhado um papel crucial no desenvolvimento do cérebro humano.

Taylor Hermes, professor de antropologia da Universidade do Arkansas, observa que a maior capacidade de decompor amidos em açúcares simples pode ter fornecido a energia necessária para o crescimento do cérebro humano ao longo do tempo. Isso contraria a ideia tradicional de que foram as dietas ricas em proteínas que impulsionaram o desenvolvimento cerebral.

Nos últimos 4.000 anos, o número de cópias do gene AMY1 aumentou significativamente, provavelmente como resultado da seleção natural, à medida que os humanos passaram a adotar dietas ricas em grãos e outros alimentos amiláceos após a transição para a agricultura.

A descoberta de que humanos arcaicos já possuíam várias cópias do gene AMY1 destaca o papel fundamental dos carboidratos na história evolutiva da nossa espécie.

Ao contrário da antiga ideia de que as proteínas foram o principal combustível para o desenvolvimento humano, este estudo reforça a importância dos carboidratos como uma fonte essencial de energia.

O caso de amor da humanidade com o amido parece ser mais antigo do que imaginávamos, com implicações importantes para a nossa compreensão da evolução da dieta humana.

*Informações CNN


+ Ciência