Saiba como o papel higiênico afeta (e polui) o meio ambiente

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 19 de outubro de 2024 às 07:30
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Entenda o impacto ambiental da fabricação do papel e do resíduo que sai dos banheiros, além de dicas para reduzir ou até eliminar seu consumo – sim, é possível!

Este item tão comum dos banheiros, na verdade, não é nada sustentável – foto Freepik

 

Alguns hábitos domésticos são tão consolidados no dia a dia que sequer paramos para pensar que eles podem estar afetando negativamente o meio ambiente. Talvez, para você, seja o caso do papel higiênico.

Este item tão comum dos banheiros, na verdade, não é nada sustentável. Há impacto para o planeta tanto na produção, já que é feito a partir de árvores; quanto no descarte, especialmente para países como o Brasil, em que o papel higiênico é jogado no lixo.

Em outros países, e em algumas poucas regiões do Brasil, o papel higiênico é descartado no vaso sanitário e biodegradado no tratamento do esgoto.

Porém, por aqui, o encanamento não costuma estar preparado para esse dejeto e pode entupir.

Ainda, essa solução só é válida se houver tratamento do esgoto, o que não é a realidade para 37,5% da população brasileira, segundo o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Talvez você esteja pensando que o papel higiênico é um mal necessário para o planeta e não há o que fazer a esse respeito. Porém, é possível sim reduzir seu consumo e até se livrar completamente dele, sem abdicar da boa higiene.

O impacto ambiental do papel higiênico

No Brasil, em 2023, foram produzidas 1,4 milhão de toneladas de papéis sanitários, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Para produzir uma tonelada de papel higiênico, é necessária 1,75 tonelada de fibra, segundo a World Wild Life (WWF).

E quando falamos em fibras, estamos tratando de árvores, mais especificamente eucaliptos, que fornecem a fibra curta ideal para o papel higiênico: não tão resistente, mas com alta maciez e absorção.

No Brasil, segundo a Forest Stewardship Council (FSC), que em português significa Conselho de Manejo Florestal, quase 90% da produção de eucalipto é certificada.

Ou seja, o seu papel higiênico não é fruto da atual crise de desmatamento da Amazônia. Para ter o selo FSC, a madeira tem que ser fruto de reflorestamento, em áreas desmatadas antes de 1994.

Ainda assim, vale sempre checar se a matéria-prima do papel higiênico vem realmente de árvores de reflorestamento.

Essa informação está normalmente descrita na embalagem. Quem quiser ir além pode ficar de olho na marca fabricante e pesquisar no site quais certificações de sustentabilidade a empresa tem.

E sabe por que o papel higiênico é branquinho? Ele passa por um processo de branqueamento com corantes alvejantes, podendo liberar gases tóxicos e contaminar a água.

O impacto ambiental do descarte

No Brasil, há também a preocupação com o descarte do papel higiênico, que é destinado, na melhor das hipóteses, para aterros sanitários, e na pior, para lixões ao ar livre.

No país, cada pessoa produz em média 343 kg de lixo por ano, ou seja, quase 1 kg de lixo por dia. No total, são 80 milhões de toneladas de resíduos por ano, de acordo com o Sindicado Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).

Desses, cerca de 40% ainda são direcionados aos lixões, ambientalmente inadequados, segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).

Um levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) aponta que 52% do lixo do brasileiro é composto por material orgânico: 26% por papel e papelão; 3% por plástico; 2% por metais; 2% por vidro; e 15% por outros tipos de resíduos.

Ou seja, o papel higiênico entra nesses 26% do lixo doméstico. Um volume grande! Lembrando que o papel higiênico é sempre considerado um rejeito, portanto não pode ser reciclado.

Como reduzir o consumo de papel higiênico

Por todos esses motivos, é válido repensar seu consumo de papel higiênico. Já é ótimo reduzir a quantidade, melhor ainda eliminar. Mas como fazer isso? A resposta é a ducha higiênica. Ou os bidês, no caso de casas mais antigas.

Em vez de fazer a higiene com papel higiênico, é possível lavar a região íntima com água.

Além de sustentável, esse hábito é recomendado por médicos, por ser considerado mais higiênico, evitando resíduos de fezes que podem gerar infecções, e por causar menos irritação à pele.

Para completar, em vez de se secar com papel higiênico, é só usar toalhas, destinadas especificamente à higiene íntima.

Vale deixar no banheiro algumas toalhinhas pequenas à disposição, que podem ser lavadas na máquina, diariamente ou a cada dois dias.

Claro, em dias mais corridos, ou fora de casa, é possível seguir usando o papel higiênico normalmente. Porém, reduzir em situações mais controladas já causa um ótimo impacto no volume de lixo doméstico e, por consequência, no planeta.

Outra ação sustentável é substituir o saco plástico da lixeira por sacos de papel. Assim, mesmo que você use papel higiênico, seu lixo do banheiro será mais biodegradável, ou seja, vai se decompor mais rapidamente no aterro sanitário.

*Informações Casa e Jardim


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