Novo teste com cotonete pode prever o seu risco de morte daqui a um ano; entenda

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 10 de outubro de 2024 às 19:30
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Ferramenta relaciona questões de saúde como dieta e estilo de vida com o envelhecimento biológico através de amostras bucais

Ferramenta usa amostras de células da boca para estimar o risco que uma pessoa tem de morrer em um ano – foto Freepik

 

Pesquisadores publicaram um estudo no periódico Frontiers in Aging sobre o uso da ferramenta chamada CheekAge.

Por meio de amostras de células da boca, a tecnologia consegue estimar o risco que uma pessoa tem de morrer em um ano.

O CheekAge é um tipo de relógio de envelhecimento epigenético. Isto é, um instrumento que consegue medir a “idade biológica” de uma pessoa observando padrões de substâncias químicas ligadas ao seu DNA.

Normalmente, um relógio epigenético mede, além da idade cronológica de uma pessoa, os riscos dela morrer ou desenvolver doenças relacionadas à idade, como o câncer.

O exame averígua a metilação de DNA, processo responsável por ativar ou desativar certos genes.

O novo relógio CheekAge contém informações de 8 mil amostras bucais e está relacionado com vários fatores como saúde e estilo de vida.

“A idade biológica é muito mais reveladora [sobre a saúde de um indivíduo] do que os anos que eles viveram neste planeta”, diz ao site Live Science o professor David Furman, associado ao Buck Institute for Research on Aging, nos Estados Unidos, que não esteve envolvido na nova pesquisa.

Já o principal autor do estudo, Maxim Shokhirev, diretor do Instituto Salk de Estudos Biológicos, na Califórnia (EUA), ressalta que ferramentas como o CheekAge podem orientar as pessoas a desacelerarem sua velhice biológica, embora não se saiba detalhadamente por meio de quais hábitos.

Para que o CheekAge fosse treinado, pessoas com entre 18 e 93 anos tiveram suas amostras bucais coletadas e utilizadas pela ferramenta.

Com isso, os padrões de metilação do DNA das células contidas nas bochechas foram relacionados com dados como níveis de estresse, educação e índice de massa corporal (IMC).

Em seguida, foram feitos testes associados à possibilidade de morte por qualquer motivo em um grupo com adultos que tinham entre 69 a 101 anos.

A partir disso, a ferramenta acusou um aumento de 21% de risco de morte em relação aos envolvidos, pelos próximos 12 meses.

Os cientistas queriam determinar o quão precisa é essa estimativa. Para fazer isso, eles analisaram estudos anteriores de um programa, chamado Lothian Birth Cohorts, que acompanha o envelhecimento de participantes voluntários desde a infância até a fase adulta.

Nesse estudo, as amostras de sangue de mais de 15 mil pessoas foram coletadas a cada 3 anos. Assim, os pesquisadores avaliaram quais mudanças ocorreram na metilação do DNA em cerca de 450 mil pontos no genoma.

Cada indivíduo teve seu risco de mortalidade considerado vinculado a sua epigenética.

Os cientistas descobriram que o CheekAge ainda tinha fortes ligações com os dados sanguíneos responsáveis por rastrear a mortalidade, apesar de ter sido treinado em amostras bucais.

“Ficamos surpresos ao ver que o CheekAge funcionou tão bem em um tecido diferente. Isso pode sugerir que o CheekAge está captando sinais de saúde que são conservados entre diferentes tipos de tecido”, afirma Shokhirev.

Até o momento, a ferramenta somente analisou os chamados dados retroativos, em que os pesquisadores tinham conhecimento da epigenética de quem morreu e viveu. Após a avaliação desses padrões, os cientistas esperam estimar o risco de morte de pessoas vivas.

“Não podemos prever se alguém viverá ou morrerá dentro de um ano, mas podemos observar um aumento ou diminuição do risco de mortalidade por todas as causas”, explica Shokhirev.

Realidade ainda distante

O CheekAge ainda não está sendo comercializado e, por enquanto, ainda não é capaz de recomendar tratamentos de saúde específicos.

Enquanto isso, os testes de relógios epigenéticos disponíveis no mercado ainda não estão padronizados e, portanto, podem levar a uma interpretação equivocada dos resultados.

“Entendemos muito pouco sobre como modificar um panorama epigenético”, evidencia David Furman. Ele ressalta, porém, que esses testes são úteis para acompanhar mudanças comportamentais relacionadas à atividade física ou à alimentação.

“Mas eles [os relógios epigenéticos] não te dizem o que fazer, então há muitas limitações nisso”, finaliza.

*Informações Galileu


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