“Invasão Chinesa” com baixo custo ameaça recuperação do setor calçadista no Brasil

  • Roberto Pascoal
  • Publicado em 9 de outubro de 2024 às 18:30
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Custos do calçados da China são muito baixos e atrapalham indústria nacional

Em agosto de 2024, a indústria calçadista brasileira registrou a criação de 12,4 mil novos postos de trabalho, totalizando 293 mil empregos no setor. Apesar do saldo positivo, a quantidade de empregos ainda é 2,5% inferior ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) baseados no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressaltou que a produção do setor cresceu mais de 4% até agosto, alcançando mais de 500 milhões de pares de calçados. “O crescimento da renda das famílias brasileiras tem impulsionado o mercado interno, beneficiando a indústria calçadista”, afirmou Ferreira.

Entretanto, ele alertou sobre a crescente concorrência desleal provocada pelos calçados asiáticos, especialmente os provenientes da China. Ferreira destacou o risco do dumping, prática que permite a entrada de produtos com preços abaixo do mercado, comprometendo as vendas das empresas brasileiras.

Outro ponto de preocupação é a possibilidade de um acordo de livre comércio entre Mercosul e China, o que poderia aumentar ainda mais a competitividade dos calçados chineses no Brasil. “Seria uma tragédia permitir a entrada desses produtos sem tarifas de importação. A indústria calçadista brasileira não apenas pararia de criar empregos, mas poderia enfrentar sérios riscos de sobrevivência”, concluiu.

Empregos por Estado

No ranking dos estados que mais empregam no setor, o Rio Grande do Sul lidera, com a criação de 1,6 mil empregos, totalizando 85,7 mil postos, embora tenha registrado uma queda de 4% em relação a 2023. O Ceará foi o primeiro estado a recuperar as perdas do ano anterior, com um saldo positivo de 3 mil empregos, totalizando 68,3 mil, um aumento de 0,7% em relação ao ano passado. A Bahia, por sua vez, fechou o período com 40,8 mil empregos, gerando 1 mil novos postos, mas apresentando uma queda de 4,8% em relação ao mesmo intervalo de 2023.

Confira os dados de empregos no setor por estado:

  • Rio Grande do Sul: +1,6 mil empregos (85,7 mil totais, -4% em relação a 2023)
  • Ceará: +3 mil empregos (68,3 mil totais, +0,7% em relação a 2023)
  • Bahia: +1 mil empregos (40,8 mil totais, -4,8% em relação a 2023)
  • São Paulo: +4 mil empregos (33,8 mil totais, -0,8% em relação a 2023)
  • Brasil: +12,4 mil empregos (293 mil totais, -2,5% em relação a 2023).

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