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Os motivos mais comuns para o surgimento da miopia são a falta de atividades ao ar livre e o excesso de telas
Aumento da miopia entre crianças e adolescentes é por conta do excesso de telas e falta de atividade ao ar livre – foto Arquivo
A miopia, que é a dificuldade de enxergar objetos posicionados em um ponto distante do observador, atualmente afeta uma em cada três crianças e adolescentes no mundo inteiro.
Até 2050, a condição vai ultrapassar 740 milhões de novos casos na faixa etária entre 5 a 19 anos, de acordo com um novo estudo global publicado na revista científica British Journal of Ophthalmology.
Segundo os pesquisadores, embora os países de baixa e média renda tivessem reunissem os maiores números de míopes, no período analisado (entre 1990 e 2023), o Japão tinha a maior incidência e o Paraguai, a menor.
Embora a prevalência entre adolescentes tenha superado a de crianças, atingindo um pico de 54% entre 2020 e 2023, o aumento absoluto entre crianças de 1990 a 2023 foi quase o dobro do de adolescentes.
Os fatores-chave para a maior prevalência da condição são: viver no Leste Asiático (35%) ou em áreas urbanas (29%), o sexo feminino (34%), a adolescência (47%) e o ensino secundário (46%). Além disso, as estimativas apontam que o cenário continuará o mesmo para os futuros casos.
O estudo sugere que pessoas no Leste e Sul da Ásia experimentaram um rápido desenvolvimento econômico, juntamente com o aumento mais acentuado na prevalência da miopia.
Já a diferença entre gêneros poderia ser explicada pelas mudanças na puberdade que fazem as meninas ficarem mais em casa, como apontam os cientistas, o que as influenciaria a se dedicar a atividades como leitura e mexer no celular por mais tempo.
“Apesar dessas limitações conhecidas, dado o grande tamanho da amostra incluída, nossas estimativas da prevalência de miopia são consideradas próximas do número preciso. É crucial reconhecer que a miopia pode se tornar um problema de saúde global no futuro”, concluem.
Uso excessivo de telas
Uma pesquisa publicada na revista científica Jama Network mostrou que o uso excessivo de telas e a falta de atividades ao ar livre são responsáveis pelo aumento dos casos de miopia entre crianças após a pandemia da Covid-19.
O trabalho comparou a incidência do problema antes e depois da crise sanitária mundial. Pesquisadores de Hong Kong analisaram dados de mais de 20 mil crianças, com idades entre 6 e 8 anos.
O trabalho foi divido em três períodos: de 2015 a 2019, ou seja, antes da pandemia da Covid-19; em 2020, durante o período de isolamento social; e após o fim das restrições, em 2021.
No mesmo sentido, a Academia Americana de Oftalmologia (AAO) estimou que em 2050 metade da população mundial terá miopia.
Para evitar que isso afete as crianças, a Sociedade Brasileira Oftalmologia Pediátrica (SBOP) em conjunto com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orientam os pais encorajar os filhos a olhar mais para o horizonte a partir de atividades lúdicas em casa ou na rua, para evitar a contração exagerada do músculo do foco. Já que isso está ligado ao surgimento da miopia.
Além disso, é aconselhado que as telas sejam completamente evitadas até os dois anos de idade. Aos 5 anos, o tempo de uso máximo é de uma hora por dia, com a supervisão de pais e responsáveis.
Já para as crianças 6 e 10 anos, o tempo limite deve ser de duas horas por dia e os adolescentes, até três horas.
*Informações O Globo