compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
Muitos vídeos nas redes sociais afirmam que o chá verde ajuda na perda de peso e já colocam a bebida como “Ozempic natural”
Chá verde viralizou nas redes, sendo chamado de “Ozempic natural” – foto Joyce Lee/New York Times
O chá verde tem sido mencionado como um truque para emagrecimento há séculos: há 2.000 anos, na China antiga, as pessoas já promoviam a bebida como uma ferramenta de perda de peso.
Nos tempos modernos, o chá se tornou um elemento comum em livros de dieta e planos alimentares.
Agora, o chá verde seguiu a trajetória inevitável de qualquer truque para emagrecer: está fazendo sucesso no TikTok.
Vídeos virais afirmam que a bebida ajuda a perder peso, chegando a chamá-la de “Ozempic natural”. Algumas postagens sugerem consumir até cinco xícaras por dia.
Embora existam algumas pesquisas sobre chá verde e peso, as evidências sobre se uma xícara (ou várias) podem derreter quilos são inconclusivas, revela Jyotsna Ghosh, médica especializada em obesidade da Universidade Johns Hopkins.
A relação entre chá verde e hormônios da fome
Muitos vídeos nas redes sociais afirmam que o chá verde aumenta a produção de GLP-1, um hormônio intestinal que faz com que o pâncreas libere insulina após uma refeição.
Essa substância, por sua vez, reduz o nível de açúcar no sangue. O GLP-1 também desacelera a velocidade com que os alimentos saem do estômago e afeta áreas do cérebro que regulam a fome.
Ozempic e medicamentos similares fornecem um composto que imita o GLP-1, ao fazer com que as pessoas se sintam saciadas mais rapidamente. Muitas param de sentir fortes desejos por comida.
Alguns pesquisadores teorizam que o chá verde pode estimular o GLP-1, em parte porque estudos mostraram que o extrato de chá verde pode reduzir o açúcar no sangue em camundongos diabéticos.
No entanto, houve apenas alguns estudos pequenos em humanos, e os resultados são inconclusivos.
Um dos poucos ensaios clínicos sobre o assunto, que analisou 92 pessoas com diabetes tipo 2, sugeriu que não havia uma diferença notável na produção de GLP-1 entre as pessoas que tomaram extrato de chá verde e aquelas que receberam um placebo.
Qualquer efeito que o chá verde possa ter sobre o GLP-1 é provavelmente pequeno, afirmaram os especialistas.
Qualquer alimento ou bebida pode aumentar levemente os níveis de GLP-1, avalia Ghosh.
Mas os níveis de GLP-1 no sangue caem minutos após você comer ou beber algo; essa é uma das razões pelas quais sentimos fome novamente, e por que aumentar temporariamente o hormônio não garante perda de peso.
Ozempic e medicamentos similares, por outro lado, permanecem no corpo por dias e são muito mais potentes do que o hormônio natural, o que os torna particularmente eficazes em suprimir o apetite.
O chá verde ajuda na perda de peso?
Muitas das alegações sobre chá verde e perda de peso mencionam dois componentes da bebida: cafeína e antioxidantes.
A cafeína pode, em teoria, acelerar levemente o metabolismo de uma pessoa. Mas é improvável que esse efeito se traduza diretamente em perda de peso substancial, segundo Ghosh.
O chá verde também contém compostos chamados polifenóis, antioxidantes que podem ajudar a proteger as células contra danos e reduzir a inflamação.
Estudos em animais e em células humanas sugeriram que esses compostos poderiam melhorar o metabolismo e reduzir a absorção de gordura pelo intestino. Porém os testes em humanos apresentaram resultados mistos.
Vários estudos menores analisaram diretamente se o chá verde está ligado à perda de peso.
Uma revisão, que examinou mais de uma dúzia de ensaios clínicos controlados randomizados, concluiu que pessoas que tomaram extrato de chá verde frequentemente perderam uma quantidade muito pequena de peso que “provavelmente não é clinicamente significativa.”
Outros estudos também descobriram que pessoas que consumiram chá verde tendiam a perder um pouco de peso, geralmente menos de quatro quilos.
As pessoas que recorrem ao chá verde para emagrecer “não podem esperar um grande efeito, e certamente nada próximo a medicamentos como o Ozempic”, esclarece Rob van Dam, professor de ciências do exercício e nutrição na Escola de Saúde Pública do Instituto Milken da Universidade George Washington.
Julia Zumpano, nutricionista registrada na Clínica Cleveland, em Ohio, acrescenta que focar em um único alimento ou bebida ignora os muitos outros fatores que desempenham um papel na perda de peso.
Esses fatores incluem a dieta geral da pessoa, hábitos de exercícios, genética, estresse, saúde metabólica e até a qualidade do sono que um indivíduo tem.
“Veja como você pode melhorar o estilo de vida, se a perda de peso é seu objetivo”, orienta a profissional. “Não apenas focar em um único alimento, medicamento, suplemento, o que quer que seja”.
*Informações O Globo