Banho de lua pode ser fator de risco para câncer, diz pesquisa da UFC

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 28 de julho de 2024 às 07:00
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Banho de lua, procedimento estético para clarear pelos, é feito com mistura de água oxigenada e amônia e pode oferecer riscos à saúde

Banho de lua é um procedimento estético para dourar os pelos do corpo – foto Diário do Nordeste

 

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) apontou fortes indícios de que banho de lua, tratamento estético de clareamento dos pelos, é fator de risco para câncer de medula (leucemia) e síndrome mielodisplásica (SMD), distúrbio relacionado à produção de células sanguíneas.

O possível fator de risco estaria ligado à concentração da solução utilizada no procedimento — peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e amônia — e da frequência com que se realiza a prática.

“Alguns estudos já indicavam uma possível associação entre o uso dessas substâncias com câncer de medula óssea”.

“Agora, nosso trabalho trouxe mais indícios de que a combinação peróxido de hidrogênio e amônia pode ser fator de risco para o câncer”, diz a pesquisadora Letícia Rodrigues, responsável pelo trabalho.

“Sem dúvida nenhuma, temos um alerta para a comunidade científica. São indícios fortes de que o banho de lua pode induzir alterações no DNA e na medula óssea, o que pode levar a uma leucemia aguda”, diz o orientador do trabalho, Ronald Feitosa, da Faculdade de Medicina da UFC e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Atualmente, o banho de lua conta com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os dois pesquisadores são unânimes em afirmar que isso não quer dizer que necessariamente uma pessoa que fez uso do banho de lua desenvolverá câncer.

Mas que as pessoas devem estar atentas para a frequência e concentração da água oxigenada e amônia utilizadas.

“Como a gente trabalha com prevenção, é bom evitar o uso do banho de lua e de outros procedimentos que utilizem essas substâncias químicas, como a tintura”, diz Letícia.

A pesquisa teve início em 2019, quando Ronald Feitosa teve contato com uma paciente de 22 anos com SMD hipoplásica, cuja medula não conseguia mais produzir células sanguíneas, e que não tinha nenhum caso de câncer na família.

A jovem faleceu pouco tempo depois, deixando um filho de seis meses. A história chamou a atenção dos pesquisadores para um fator externo: a paciente havia relatado que fazia banho de lua semanalmente, por períodos de até quatro horas.

*Informações CNN