Pesadelos na meia-idade podem aumentar risco de demência; entenda o que diz o estudo

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 18 de julho de 2024 às 22:00
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Segundo pesquisa, adultos saudáveis que tinham pesadelos frequentes tinham um risco quatro vezes maior de sofrer declínio cognitivo na próxima década

Pesadelos frequentes podem ser um indicativo de risco de desenvolver demência – foto Jornal Opinião

 

Pessoas na meia-idade que têm pesadelos com frequência podem ter um risco maior de desenvolver demência, segundo um novo estudo.

O trabalho foi apresentado na reunião anual do Congresso da Academia Europeia de Neurologia de 2024, que aconteceu entre os dias 29 de junho e 2 de julho em Helsinque, na Finlândia.

Pesquisadores do Imperial College London, em Londres, já tinham descoberto em um estudo anterior que adultos saudáveis de meia-idade que tinham pesadelos frequentes — pelo menos, uma vez por semana — tinham um risco quatro vezes maior de sofrer declínio cognitivo na próxima década, em comparação com aqueles que não tinham esse tipo de sonho.

Além disso, adultos mais velhos que relataram episódios de pesadelos tinham um risco duas vezes maior de demência.

Agora, o novo estudo analisa um subconjunto de participantes do trabalho anterior que tinham dados genéticos disponíveis.

Eles analisaram exames de sangue, amostras de saliva e histórico familiar para determinar se essas informações tinham algum impacto nas descobertas anteriores.

Segundo os pesquisadores, após controlar esses fatores genéticos, a associação entre pesadelos e o declínio cognitivo permaneceu robusto.

Além disso, eles descobriram que não houve relação entre a frequência dos sonhos angustiantes e fatores genéticos em nenhuma das faixas etárias.

Para os cientistas, ainda são necessários mais estudos para entender se o tratamento de pesadelos poderia ajudar a retardar o declínio cognitivo ou prevenir a demência.

Qual é a possível relação entre pesadelos e demência?

A demência é a diminuição, lenta e progressiva, da função mental, afetando a memória, o pensamento e a capacidade de aprender. Além disso, o declínio cognitivo pode causar alterações de personalidade e de comportamento e desorientação.

A causa mais comum de demência é o Alzheimer, representando cerca de 60% a 80% dos casos, segundo o Manual MSD.

Outros tipos de demência incluem a demência vascular, demência por corpos de Lewy, demência frontotemporal e demência relacionada ao vírus HIV.

O Parkinson também pode causar o declínio cognitivo, mas ocorre conforme a evolução da doença.

Pesadelos já foram associados a um declínio cognitivo mais acelerado e um risco aumentado de demência em pacientes com Parkinson, em estudos anteriores.

Porém, o estudo do Imperial College London foi o primeiro a observar a associação na população em geral sem a doença.

Uma das hipóteses para a possível relação entre pesadelos e o maior risco de demência é o sono de má qualidade causado por esse tipo de sonho.

Um estudo recente mostrou que pessoas que têm interrupção do sono na faixa dos 30 e 40 anos têm duas vezes mais chances de ter problemas de memória e pensamento uma década depois.

Além disso, em entrevista ao portal médico Medscape Medical News, Sebastiaan Engelborghs, professor e chefe de neurologia da Vrije Universiteit Brussel, em Bruxelas, Bélgica, diz que uma das hipóteses é que “os sujeitos com ‘sonhos angustiantes’ têm transtorno de comportamento do sono REM (movimento rápido dos olhos)”.

“É bem-sabido que o transtorno comportamental do sono REM pode preceder a demência em muitos anos. Um dos principais sintomas do transtorno comportamental do sono REM são pesadelos, ou ‘sonhos angustiantes’… e é por isso que sempre perguntamos sobre sono e pesadelos durante as consultas na clínica de memória”, afirma.

Porém, a relação entre sono REM, pesadelos e maior risco de demência só poderia ser descartada por um exame do sono, o que não foi realizado pelo atual estudo.

Por isso, mais pesquisas devem ser realizadas para aprofundar os achados.

*Informações CNN


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