Trocar carne animal por versões à base de plantas pode aumentar risco de diabetes

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 17 de abril de 2024 às 19:00
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Segundo nova pesquisa, produtos ultraprocessados têm aditivos que podem elevar açúcar no sangue

Nem todas as “carnes fakes” são saudáveis – foto Freepik

 

Nos últimos anos, têm crescido as evidências que apontam a proteína animal (ao menos em excesso) como prejudicial à saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclui as carnes processada e vermelha na lista de alimentos a evitar por elevarem o risco de câncer.

Nesse cenário, substitutos à base de plantas do bife e do hambúrguer cresceram no mercado. Mas agora, uma nova pesquisa revela que nem todas as “carnes fake” são saudáveis também.

O estudo, publicado no periódico American Journal of Clinical Nutrition, descobriu que pessoas que incluíram muitas carnes à base de planta ao longo de oito semanas tiveram níveis de açúcar no sangue mais elevados do que os comedores de proteína animal.

Trabalhos anteriores mostraram que dietas à base de plantas reduzem o risco de desenvolver diabetes em 25%.

Mas isso, afirmam os pesquisadores do novo estudo, só se aplica a pessoas que privilegiam vegetais in natura em vez de produtos ultraprocessados com aditivos como aromatizantes, conservantes e corantes.

A popularização dos substitutos vegetais fez crescerem empresas como as americanas Impossible Foods e Beyond Meat, que tentam se aproximar da textura, cor e sabor da carne bovina.

Segundo a nutricionista Emily Gelsomin, do Massachusetts General Hospital, porém, essas carnes fake têm excesso de gordura saturada e sal.

“Já que as dietas ricas em gordura saturada são associadas ao incremento na incidência de problemas cardíacos e morte precoce, talvez essas não sejam as opções ideias caso suas motivações estejam ligadas apenas à saúde”, escreveu em um artigo publicado na Harvard Health Publishing.

Pesquisa

No novo estudo, cientistas da Universidade Nacional de Cingapura acompanharam 89 pessoas com risco aumentado para diabetes tipo 2.

Eles foram divididos em dois grupos: metade seguiu com sua dieta normal, que incluía proteínas de origem animal, enquanto a outra passou a consumir carnes à base de plantas.

Os participantes escolheram produtos ultraprocessados de diversas marcas populares nos EUA, incluíndo Impossible Beef, Omni Foods, Vegetarian Butcher, Beyond Meat e The Vegetarian Butcher.

Os pesquisadores monitoraram os exames de sangue dos participantes para detectar mudanças nas taxas de sódio e colesterol, que estão envolvidos no risco de problemas cardíacos.

Eles também tiveram os níveis de glicose analisados.

Após dois meses, não houve alteração nos níveis de colesterol dos grupos. No entanto, aqueles que consumiram carne tiveram taxas de açúcar no sangue mais estáveis, o que significa risco menor de desenvolvimento de diabetes.

De acordo com os pesquisadores, uma das explicações pode ser a presença de carboidratos adicionados nas carnes fake, que mexeram nos níveis de glicose dos participantes.

O grupo que comeu proteína animal também teve níveis de sódio mais baixos ao fim da pesquisa.

*Informações O Globo


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