compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
Bebês podem não querer determinados alimentos por um período
Um dia, aquele bebê fofo e cheio de dobrinhas que comia tudo o que você dava não quer mais comer, ao menos não como antes.
Talvez reduza a porção pela metade e rejeite uma série de alimentos que antes consumia com gosto.
E aí vem aquela certeza: ele não se alimentou o suficiente, vai ficar com fome, magrinho e doente. Mas não é bem assim.
A verdade é que a relação com a comida muda ao longo do tempo, em fases ou de forma duradoura, e de acordo com muitos fatores, sendo que um deles está ligado ao crescimento.
Um desses marcos acontece depois que a criança completa um ano e não quer mais comer a mesma quantia.
É normal que ela ingira menos do que quando tinha nove meses, por exemplo. Essa é uma queixa comum dos pais quando o filho tem de um ano e três meses a três anos.
Faz sentido. Afinal, ele já não precisa de tanta comida, pois seu crescimento, embora veloz, não está tão acelerado como antes.
Para se ter uma ideia, do nascimento ao primeiro ano de vida, seu filho triplicou de peso. Imagine o que isso representaria para um adulto!
Em 12 meses, ele foi de cerca de 3 quilos (média no nascimento) para 9 kg a 10 kg. Porém, o crescimento vai desacelerar entre 1 e 2 anos e o normal é que ele ganhe de 1 kg a 3 kg apenas.
Outro fator importante é que ele está se descobrindo enquanto sujeito e vai testar sua independência dizendo o que quer e não quer. Ele está se tornando mais seletivo e isso não é ruim.
Está fazendo suas escolhas, descobrindo o que gosta, o quanto o deixa satisfeito. Assim, se ele antes parecia adorar abobrinha e agora não quer comer, não estranhe, você também não come de tudo. Mas não corte a abobrinha do cardápio (ainda).
Apresente o alimento rejeitado outras vezes (especialistas falam em 10 a 15 tentativas!) e com outros preparos. Se depois disso ele continuar a torcer o nariz, talvez seja o caso de aceitar que ele não é fã do vegetal.
Mais para a frente, entre 2 e 3 anos de idade, algumas crianças podem apresentar o que os médicos chamam de neofobia alimentar, ou seja, a aversão a alimentos novos. Elas se recusam inclusive a experimentar.
Portanto, a fase entre 1 e 2 anos é a sua oportunidade de oferecer a maior variedade possível de alimentos, antes que seu filho possa entrar nessa fase mais restritiva – e que só vai melhorar lá pelos 5 ou 6 anos.
Para resolver a questão, a primeira regra é: não obrigue, não force, não ameace, não chantageie, não prometa nada.
Isso só vai piorar a relação com a comida e pode prejudicar o mecanismo de saciedade do seu filho. Uma corrente de pediatras diz que a natureza é sábia e os bebês vêm ao mundo sabendo o quanto comer.
Isso ocorre quando mamam no peito, mas, quando passam para os alimentos, esse controle vai para a mão dos pais. Não deveria, dizem eles. Aos familiares e cuidadores cabe escolher o cardápio, a hora e o lugar. A quantia cada criança deve decidir, defendem.
Fato é que existe um mecanismo de saciedade que deve ser respeitado em crianças saudáveis, sob pena de elas perderem essa regulação e ficarem predispostas à obesidade no futuro.
Na maioria dos casos, é a expectativa da quantidade de comida que os pais julgam necessária que está errada, não o apetite do filho. Tudo bem se um dia ele comer pior e no outro melhor, os adultos também são assim.
E então?
Se o seu filho estiver saciado e, nas consultas ao pediatra, se mantiver na curva de crescimento, não há com que se preocupar.
Procure oferecer variedade, para que o pouco que ele coma consiga dar conta das necessidades nutricionais. Não dê lanchinhos, nem mesmo frutas fora de hora, para compensar.
Estimulantes de apetite também estão fora de cogitação. E deixe a refeição à disposição dele: muitas vezes, o bebê só quer tentar comer sozinho nessa fase de independência.
O melhor que você tem a fazer é dar o exemplo. Comer de tudo o que gostaria que ele comesse (sem cara feia) e fazer as refeições juntos, sem a distração da TV, de aparelhos eletrônicos, livros e brinquedos.
Ok, às vezes é muito difícil não recorrer a esses recursos na vida real. Mas tentar fazer com que essas sejam regras e não exceções já pode melhorar e muito o apetite e a rejeição do seu filho.