Será que funciona? Muco de caracol é alternativa na indústria cosmética; entenda

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 10 de março de 2024 às 08:30
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O muco de caracol é rico em vitaminas A e E naturais e é uma excelente substância para reduzir inflamações e regenerar a pele

Muco ou baba de caracol tem a propriedade de reduzir inflamações e regenerar a pele – foto Freepik

 

Desde 2022, produtos que usam muco de caracol como ingrediente tornaram-se destaque dentro da indústria de produtos cosméticos, com seu mercado global avaliado em cerca de US$ 555 milhões.

Após o “boom” desses produtos de cuidado da pele na Coreia do Sul, a substância — também chamada de mucina ou secreção de caracol — foi amplamente compartilhada nas redes sociais.

O que muitas pessoas não sabem, no entanto, é que o uso desse muco para causar uma pele brilhante e melhorar a saúde humana é algo muito mais antigo do que uma tendência midiática.

Por exemplo, s antigos gregos usavam essa secreção para combater inflamações na pele e a história não para por aí.

Transformação em cosmético

Por volta de 1980, criadores chilenos de caracóis notaram que o manuseamento dos animais para o mercado alimentício da França os deixava com as mãos mais macias e cortes na pele cicatrizavam mais rápido.

Com isso, o muco dessas curiosas criaturas rapidamente popularizou na América do Sul e passou a ser usado como uma substância cosmética. Mas será que isso realmente funciona?

Estudos anteriores mostram que a gosma produzida pelos caramujos de jardim contém altos níveis de antioxidantes e também é capaz de estimular novo colágeno — capaz de reduzir os sinais de envelhecimento.

Além disso, o muco é rico em vitaminas A e E naturais e é uma excelente substância para reduzir inflamações.

No entanto, alguns pesquisadores ressaltam que mais ensaios clínicos são necessários para provar a real eficácia do produto.

Até agora, foi comprovado que o extrato de mucina cria uma barreira protetora entre a pele e a poluição do ar.

Pesquisas mostram que peles expostas ao ozônio e desprotegidas inflamavam com mais regularidade e apresentavam sinais de envelhecimento por estresse oxidativo, que causa rugas e tom de pele irregular.

Enquanto isso, a pele protegida pelo extrato de muco apresentou menos inflamação.

Expansão do comércio

Um fato curioso sobre o muco dos caracóis é que essa substância apresenta potencial que vai além dos cuidados com a pele.

Pesquisas feitas pela City University of New York mostram que a secreção também pode ser usada como uma espécie de cola reparadora de feridas, surgindo no tratamento de úlceras internas e infecções, e também como adesivo natural em bioengenharia.

Até o momento, os cientistas ainda não isolaram os componentes específicos da mucina que conferem as suas propriedades curativas.

Porém, já existem versões sintéticas do produto no mercado, o que ajuda a reduzir a necessidade de criação de caracóis.

Como são necessários muitos caramujos para satisfazer a procura atual pela substância e o muco é excretado quando o animal está sob estresse, o mercado natural tem se tornado cada vez mais inviável.

O uso de muco sintético também permite que os químicos modifiquem seus produtos com mais facilidade, melhorando suas propriedades com o passado do tempo.

Para os próximos anos, os investigadores esperam aprender muito mais sobre a secreção do que a humanidade já aprendeu nos últimos 2 mil anos.