Veterinário dá dicas sobre o que fazer para amenizar os efeitos nos animais, que podem sofrer desequilíbrio emocional e desorientação
O barulho dos fogos de artifício pode causar estresse e ansiedade nos animais, principalmente em cães e gatos. Com o réveillon batendo à porta, é importante que os tutores de pets tomem alguns cuidados para amenizar o sofrimento dos bichos.
O médico veterinário Hans Reuter, pós-graduado em anestesiologia veterinária e criador de conteúdo digital conhecido nas redes sociais como “o veterinário que explica do jeito fácil”, enfatiza que os animais sofrem muito com o barulho porque têm a audição mais sensível do que a nossa.
Enquanto seres humanos percebem sons entre 20 e 20 mil hertz, os cães podem ouvir entre 40 a 60 mil hertz e os gatos ouvem tudo na frequência de 48 a 85 mil hertz. Embora sejam até mais sensíveis, os felinos podem dar menos sinais de incômodo que os cachorros.
“No geral, os cães demonstram mais sinais de medo e ansiedade do que os gatos que tendem a se recolher, procurar um ambiente mais seguro e ficar quietos”, diz Reuter, acrescentando que o comportamento não é regra. “Os indivíduos mostram os sinais de medo e de ansiedade de maneiras diferentes”.
Palavra do veterinário
O veterinário não recomenda o uso de protetores auditivos vendidos no comércio. De acordo com Reuter, uma técnica que pode ser utilizada para diminuir a percepção do som pelos pets é colocar pequenos pedaços de algodão no ouvido externo.
Porém, é preciso que o tutor tenha cuidado para não empurrar o algodão para dentro do ouvido nem esquecer de retirar, pois causaria problemas ao animal.
“O ideal é que não seja feita nenhuma introdução nos ouvidos, mas o algodão é uma possibilidade caso o animal tenha muito medo e seja muito estressado com os barulhos”, explica.
O uso de medicação sedativa também é contraindicado pelo médico veterinário. Para ele, em hipótese alguma os animais devem ser mantidos sedados sem orientação médica. Reuter alerta que a sedação por conta própria pode causar efeitos adversos capazes de colocar em risco a vida do bicho.
Dicas práticas
Segundo ele, o ideal é tomar algumas medidas para manter o ambiente o mais seguro possível. Entre elas:
a) – remover objetos nos quais o animal possa esbarrar e cair, como prateleiras e materiais de vidro;
b) – retirar mesas baixas e móveis com quinas onde o pet possa se machucar;
c) – preferir deixar o animal em um ambiente com que ele já seja acostumado, para não se somar um novo estresse;
d) – não deixar o pet em cima de sofás ou camas altas, principalmente se forem pequenos, porque podem se machucar ao tentar pular.
Acolchoado
Outro conselho do veterinário para a hora da queima dos fogos é deixar o animal em ambientes acolchoados, as próprias casinhas e as caixas de transporte. Assim, o pet se sente “mais seguro por não ter estímulos externos vindo das laterais e nem por trás dele”:
“Dessa forma, ele consegue ficar mais tranquilo porque está vigiando apenas um local, isso diminui os efeitos do estresse”, afirmou Reuter.
Fechar a janela para diminuir a incidência do som e diminuir os estímulos visuais também podem ser uma boa alternativa. Outra maneira é colocar panos por debaixo da porta ou deixar o animal em um ambiente mais afastado e calmo.
“Assim como para nós, seres humanos, os pets têm preferências a ambientes, temperaturas e sons. Por isso alguns têm mais medo do que outros e não conseguem se acostumar facilmente”.
Exposição gradual
Caso o seu pet seja muito sensível ao barulho, o veterinário indica a técnica de exposição gradual ao som que pode auxiliar a médio e a longo prazo.
Dessa forma, o animal se acostuma com a frequência sonora e passa a sentir menos medo. Porém, a orientação é que o tratamento seja feito apenas com a indicação e o acompanhamento do veterinário do animal.
Reuter ressalta também que a busca por tratamentos é importante, visto que o ouvido tem uma relação direta com o equilíbrio, por meio do labirinto (componente interno do aparelho auditivo).
Segundo o jornal Extra, barulhos mais intensos causam alterações no conduto auditivo e podem acabar afetando diretamente essa região, o que deixaria o animal desequilibrado e desorientado quando exposto a barulhos intensos.