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Há vários anos ela realiza trabalho de humanização com idosos e crianças na cidade
A Câmara de Franca aprovou nesta terça-feira projeto de lei de autoria da vereadora Lindsay Cardoso (Cidadania) concedendo moção de aplausos à cachorra Ronda, pelos sete anos de “cãoterapia”, trabalho de assistência à saúde prestado junto à comunidade francana.
A vereadora Lindsay fez questão de contar a história da Ronda, que é uma pastora alemã de coloração dourada, provavelmente tendo descendência de Pastor Belga Malinos. Ela foi encontrada pelo educador canino Mateus Carvalho próximo ao CDP de Franca.
A cachorra estava andando próxima ao lixão, extremamente magra e fraca. Ele não pensou duas vezes e a colocou no carro. E decidiu adotá-la como membro da própria família e adestrá-la.
Em uma clínica veterinária, foram realizados alguns exames, através dos quais constatou-se que ela era uma filhotona com no máximo oito meses e estava em estado avançado de desnutricão, com anemia profunda devido a erliquiose e babesiose em estado crítico. Decidiu tratar do animal.
As primeiras duas semanas a partir dali foram de muita luta pra mantê-la viva. Na terceira semana, ela apresentou um inchaço incomum na barriga e Mateus e sua esposa Paola suspeitavam de algo grave no fígado por causa dos medicamentos que ela tomava para combater a doença do carrapato e anemia paralelamente.
A essa altura do campeonato, os dois já haviam decidido que ela não seria doada, pois já tinham se apegado muito a ela. Ronda fez um ultrassom e Mateus e Paola descobriram que ela estava prenha.
Mas as notícias não eram tão boas assim, pois os filhotes poderiam não sobreviver depois do parto, apresentar sérias deformações e Ronda poderia até mesmo sofrer um aborto espontâneo devido aos medicamentos que ela estava usando.
Então, eles iniciaram a suplementação para cachorras prenhas e a vigiavam constantemente. Eis que, algumas semanas depois, nasceram oito filhotes…lindos, saudáveis e fortes.
Todos os filhotes foram castrados, vacinados e doados e logo após a Ronda foi castrada também. Durante a sua recuperação da castração, seus donos descobriram um pequeno tumor na pele dela.
Mais uma vez, Mateus e Paola cuidaram de Ronda, que sarou completamente e, depois de tantos percalços, começou a ganhar peso e musculatura, seus pelos cresceram e seus tutores iniciaram treinos de obediência básica com ela.
Eles observaram que Ronda possuía um traquejo social muito grande. Ela sempre foi cautelosa e cuidadosa, principalmente com crianças e idosos.
Além disso, ela sempre foi uma mãezona pra todos os filhotes que Paola e Mateus resgataram da rua, ajudando as mãezinhas a cuidarem da turminha; a cadela chegou a ter 30 filhos postiços.
Ronda também salvou muitos cães doando sangue: era a paixão dos veterinários pois nunca deu trabalho durante a captação. Com essas observações, Paola e Mateus foram treinando-a para apresentações e ela sempre ia correndo de encontro com as crianças.
A relação com idosos
Em 2016, uma cliente do casal, que era psicóloga do Lar São Vicente de Paulo, perguntou se ela não poderia ir visitar os idosos residentes de lá. Ronda amou a visita, os residentes ficaram muito eufóricos e as visitas se tornaram corriqueiras desde então.
A melhora na vida dos idosos é impressionante com a chegada da Ronda, que desde então passou a fazer visitas quinzenais no Lar até o início da pandemia.
Além disso, a cachorra visitava escolas e creches e também ajudava seus donos em muitas palestras de conscientização sobre posse responsável e castração.
Porém, a pandemia chegou e as visitas passaram a ser virtuais e o projeto de estudar esse comportamento ficou pra trás. Ronda retomou o projeto de visitações no final do ano passado.
“A carga emocional depositada nela começou a aumentar, pois mais idosos e crianças estavam querendo participar da cãoterapia e, para não sobrecarregá-la, decidimos treinar um cão de uma cliente que tinha aptidão para ser um cão de suporte emocional, o Aslan”.
Desde a retomada das atividades em definitivo, ele está acompanhando a Ronda na missão.
“Sabendo da aposentadoria da Ronda e que o Aslan ia seguir sozinho até a gente preparar outro cão, uma cliente nossa nos presenteou com a Holly, uma filhote que também se destacou na cãoterapia”, disse Mateus.
Neste último ano, Mateus e Paola não a levaram para visitar nenhum lugar com exceção do Lar por causa da idade da Ronda, optando por deixarem-na mais tranquila para nadar na piscina dela.
“Ronda cumpriu com louvor sete anos de cãoterapia em Franca, trazendo conforto, alegria e carinho a idosos e crianças da cidade. Agora, seus esforços merecem ser congratulados e reconhecidos”, disse Lindsay Cardoso.