Estudo revela: paixão é uma ‘droga’ e seu efeito dura 15 meses; saiba mais

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 14 de outubro de 2023 às 07:30
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Reações fisiológicas explicam por que as pessoas apaixonadas têm ansiedade e por que ‘redução da chama’ não é necessariamente algo ruim

Neurocientista explica reações fisiológicas da paixão – foto Freepik

 

Em 1997, o escritor francês Frédéric Beigbeder declarou que “o amor dura três anos” em uma novela de inspiração autobiográfica do mesmo título. O autor explicou que, no primeiro ano em que se está apaixonado, a novidade da relação faz com que seja excitante.

A adrenalina amorosa faz com que passemos por alto os supostos defeitos do outro. No segundo ano, a paixão é reduzida, com menos sexo e comunicação.

No terceiro, surgem as diferenças, razão pela qual se rompe ou se instala na acomodação. Mas o que nos diz a ciência sobre esta questão?

A neurocientista Sara Teller revisa o tema em seu ensaio “Neurocuidate”. No coquetel de “drogas” que se liberta com a paixão, está a noradrenalina.

“É um dos hormônios que liberamos quando sentimos estresse. Este aumento da noradrenalina causa taquicardia, palpitações, aumento da pressão sanguínea, faz com que você eleve a atenção, a excitação sexual e pode causar insônia”, afirma Sara Teller.

Essas reações fisiológicas explicam por que as pessoas apaixonadas têm ansiedade.

“Como muitos desses sintomas de ansiedade são percebidos no coração, talvez por isso se diga que o amor se encontra nele, e não no cérebro”, conclui a autora.

Embora a paixão tenha uma duração limitada, pode ser uma pura questão de sobrevivência. Qualquer pessoa que permanecesse constantemente apaixonada, tenderia a ter faculdades mentais alteradas e deixaria de operar com normalidade, o que iria prejudicar seu trabalho e outras facetas de sua vida pessoal.

Segundo a antropóloga e bióloga Helen Fisher, entre 12 e 15 meses depois de ter iniciado a paixão, há a “queda” de hormônios, com a qual o cérebro recupera sua atividade normal, o que nos abre uma visão mais clara de quem temos ao lado.

Isto não necessariamente tem que derivar em apatia e distanciamento, mas pode abri caminho para um amor mais sereno e sustentável.

Voltando à neurociência, superada a montanha russa inicial, permanecendo ao lado da mesma pessoa, a bioquímica cerebral muda de novo.

À medida que a dopamina e a noradrenalina diminuem, o córtex pré-frontal recupera sua atividade, e o hipotálamo se acalma, prejudicando a produção dos hormônios que desatam a paixão.

Nesta fase de maturidade do amor, vê-se com clareza onde estamos e que projeto a longo prazo queremos construir.

Se o casal continuar avançando, libera-se a oxitocina, considerada o hormônio da confiança ou do apego, que se produzirá ao estar em contato com o ente querido. Segundo a neurociência, isso acontece até entre cães e seus amigos humanos.

Para que a paixão não se deteriore, até converter o casal em uma relação fraterna, é preciso manter viva no cérebro a testosterona e a dopamina.

A primeira é estimulada com uma vida sexual ativa; no que diz respeito à dopamina, o hormônio do plazer, você pode aumentá-la fazendo coisas a dois:

– Troque a rotina por atividades novas.
– Promova conversas nutritivas, por exemplo, criando um clube de palestras para dois.
– Busque projetos comunitários para ambos se inspirarem.
– Compartilhe o sentido do humor: rir juntos pelo menos uma vez ao dia.

O neurocientista Eduardo Calixto afirma que o cérebro possui três requisitos para que um relacionamento perdure:

1. Apreciação. Você deve gostar do seu parceiro fisicamente.

2. Inteligência. Precisamos admirar o nosso parceiro de vida; sem isso, o relacionamento não se sustenta.

3. Reconhecimento. Que o casal tenha sucesso profissional.

*Informações O Globo


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