Covid: cientistas descobrem por que perda de olfato persiste

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 25 de dezembro de 2022 às 11:30
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Estudo da Universidade de Duke, nos EUA, sugere que a perda de olfato a longo prazo está ligada a uma resposta imune contínua no nariz

A perda de olfato é um dos sintomas recorrentes entre pacientes da covid-19 – foto Freepik

 

A perda do olfato foi um sintoma recorrente entre os pacientes da Covid-19 no início da pandemia. Para a maioria deles, o sentido foi recuperado uma ou duas semanas após a infecção.

Algumas pessoas, no entanto, ainda estão convivendo com a incapacidade de sentir cheiro meses ou anos depois de terem sido infectadas pelo vírus.

Em um estudo publicado na última quarta-feira (21), na revista Science Translational Medicine, um grupo de cientistas norte-americanos revela novas evidências sobre a possível causa do problema.

De acordo com eles, a perda prolongada de olfato está ligada a uma resposta imune contínua que destrói as células do nariz.

Médicos da Duke Health, Harvard Medical School e da Universidade da Califórnia-San Diego, todas nos Estados Unidos, analisaram amostras do tecido do nariz que contém células nervosas – o epitélio olfativo – de 24 pessoas diagnosticadas com Covid-19, incluindo nove ​​que ainda apresentavam perda de olfato pelo menos quatro meses após a infecção.

Eles descobriram que os pacientes com perda persistente de olfato tinham células T em excesso acumuladas no epitélio olfativo.

Envolvidas na resposta imunológica do corpo ao coronavírus, as células de defesa acabaram causando uma resposta inflamatória exacerbada que, em alguns pacientes, persistiu até o coronavírus não ser mais detectado no local.

Além disso, o número de neurônios sensoriais olfativos sofreu uma diminuição, possivelmente devido a danos do tecido durante a inflamação.

“As descobertas são impressionantes. É quase semelhante a uma espécie de processo autoimune no nariz”, explicou o professor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Ciências da Comunicação da Duke e do Departamento de Neurobiologia, Bradley Goldstein, em um comunicado.

Avanço para a cura

Para os pesquisadores, aprender quais locais estão danificados e quais tipos de células estão envolvidos neste processo é um passo fundamental para projetar tratamentos eficazes para as pessoas que sofrem com a perda do olfato.

Eles acreditam que a descoberta também pode ajudar em pesquisas sobre outros sintomas da Covid longa, como falta de ar, fadiga crônica e dificuldade de concentração.

“Temos esperança de que a modulação da resposta imune anormal ou dos processos de reparo no nariz desses pacientes possa ajudar a restaurar, pelo menos parcialmente, o sentido do olfato”, diz Goldstein.

*Informações Alto Astral


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