compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
As razões da ansiedade infantil, são multifatoriais, ou seja, é possível haver diversos motivos, combinados entre si ou não
Ansiedade pode surgir em qualquer idade, inclusive em crianças e adolescentes – foto Freepik
A preocupação com a saúde mental infantil já vinha aumentando, mas deu um salto durante a pandemia de Covid-19.
De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), nesse período, uma a cada quatro crianças apresentou ansiedade e depressão com níveis clínicos, ou seja, a ponto de precisar da intervenção de especialistas.
“A pandemia trouxe mudanças drásticas para a vida das crianças, que foram privadas do contato social, vivenciaram preocupações e incertezas, ficaram mais expostas às redes sociais e fizeram menos atividades físicas”.
“Esse cenário favoreceu o aumento da ansiedade nelas e também nos adolescentes”, explica a psiquiatra Juliana Cavalsan, de São Paulo (SP).
Ansiedade infantil: o que é?
A ansiedade, segundo a especialista, é um transtorno mental caracterizado por preocupações excessivas, medos desproporcionais e pela sensação de estar sempre em alerta.
É muito comum que essas emoções sejam acompanhadas também da presença de sintomas físicos, como dor de estômago, dor de cabeça, ranger de dentes e mania de roer as unhas.
Pode afetar crianças de todas as idades e causar sofrimento intenso.
“Quando não há tratamento efetivo, o problema tende a piorar com o tempo”, aponta a psiquiatra.
“Com isso, aumenta a chance de a criança desenvolver outros transtornos mentais, como depressão. As crianças ansiosas sem tratamento têm mais dificuldade nas interações sociais e no desempenho escolar, o que causa consequências devastadoras na autoestima”, diz.
Ansioso por quê?
A pandemia, vale lembrar, não é a única causa do problema. Afinal, antes dela, as crianças já eram impactadas por ele.
As razões, de acordo com a médica, são multifatoriais, ou seja, é possível haver diversos motivos, combinados entre si ou não.
“O ambiente tem um papel muito importante e pode ser tanto protetor como desencadeador para a ansiedade”, afirma”.
“Isso explica, em grande parte, o aumento de casos na pandemia. Mas há ainda um componente genético. “É comum que os pais também sejam ansiosos”.
“Boa parte das vezes, a ansiedade no adulto começa já na infância dele”, pontua. Ou seja, é importante olhar para si, para poder ajudar seu filho.
Os sinais de alerta surgem quando o pequeno:
– Apresenta medos e preocupações desproporcionais para a idade;
– Tende a ter maior retraimento social;
– Se recusa a ir para a escola;
– Têm queda no rendimento escolar;
– Não consegue se expor, levantar a mão e tirar dúvidas durante as aulas;
– Apresenta mais dificuldade para dormir;
– Tem alteração no apetite, passando, de repente, a comer mais ou menos;
– Fica mais irritado;
– Se queixa de dores e tonturas;
– Passa a ranger os dentes e/ou roer as unhas.
Como ajudar a criança a lidar com a ansiedade?
É possível amenizar o problema com algumas atitudes no dia a dia. O principal é oferecer para a criança um ambiente seguro.
Auxiliar os pequenos, desde cedo, a nomear as próprias emoções ajuda a compreendê-las e, portanto, a lidar com elas de uma maneira mais tranquila.
“Você pode providenciar atividades que ajudem a acalmar, como pintura, brincadeira com massinha e exercícios de respiração”, recomenda a especialista.
Fora isso, é preciso ajudar o pequeno, de maneira gradual, a enfrentar seus medos, expondo-o, devagar e controladamente, às situações que causam desconforto.
Ele sente ansiedade em conviver com crianças que não conhece? Leve-o a um parque e, no início, brinque junto, apresentando-o a um grupo e propondo alguma atividade.
Quando ele se sentir confortável, afaste-se e observe, sinalizando que sempre estará ali. Em uma próxima ocasião, você pode incentivar seu filho a ir sozinho e ficar apenas olhando e mostrando-se disponível, porém de longe.
E assim vai. “Os pais precisam reconhecer as pequenas conquistas das crianças e parabenizá-las, assim fica mais fácil enfrentar os piores medos”, diz a psiquiatra.
Quando buscar ajuda médica
Aqui, é importante ponderar se as mudanças de comportamento estão afetando, de maneira prática, a vida da criança.
“O ideal é, primeiro, conversar com o pediatra do seu filho para excluir causas orgânicas que justifiquem o surgimento dos sintomas”.
“Caso seja excluída qualquer outra doença, a criança deverá ser encaminhada para tratamento psicoterápico e para avaliação psiquiátrica”, explica Juliana.
Em algumas situações, o tratamento psicoterápico ajuda a solucionar o problema. Em outras, remédios são prescritos, o que será avaliado na consulta psiquiátrica.
“O uso de medicação é necessário nos casos de maior gravidade ou quando as medidas não farmacológicas, como psicoterapia, prática de atividades físicas e mudanças nos hábitos alimentares, forem insuficientes”, aponta a médica.
*Informações Bebê.com