Projeto de alunas de escola pública de Franca é finalista de prêmio global Samsung

  • Robson Leite
  • Publicado em 17 de outubro de 2022 às 18:00
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O protótipo das alunas francanas está entre os 10 finalistas do programa global da Samsung, depois de concorrer com milhares de projetos

Integrantes da equipe francana: professor Henrique e as alunas Giovana, Lorrane, Maria Fernanda e Camila

Um grupo de três alunas da Escola Estadual “Ângelo Scarabucci”, de Franca, está concorrendo à 9ª edição do programa Solve For Tomorrow Brasil com um projeto desenvolvido para remover agrotóxicos e outros resíduos de insumos agrícolas de água contaminada.

O grupo é coordenado pelo professor Henrique Pereira, com a parceria da professora Camila Carvalho de Paula Nunes.

As alunas Giovana Parreira Bomfim, Lorrane Batista Alves e Maria Fernanda Motta Pereira desenvolveram um protótipo de filtro de água caseiro preenchido com carvão vegetal, próprio para ser usado nas áreas rurais e filtrar a água contaminada com agrotóxicos.

O protótipo das alunas francanas está entre os 10 finalistas do programa global da Samsung (clique aqui), depois de concorrer com milhares de projetos de todo o Brasil.

O programa Solve For Tomorrow Brasil é conhecido por desafiar alunos e professores de escolas públicas a criar soluções que gerem impacto positivo na sociedade, com base na experimentação científica e/ou tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Protótipo francano

Filtro pronto ao lado do fruto da macaúba, endocarpo do fruto da macaúba; carvão vegetal produzido a partir do endocarpo do fruto da macaúba; e carvão vegetal triturado (lado direito)

O protótipo do projeto é um filtro de água caseiro preenchido com carvão vegetal. Para a construção do filtro foram necessários: 30 cm de tubo PVC ¾; 2 luvas de união soldável, uma para cada extremidade do filtro; 2 pedaços de tule colocados nas extremidades dos filtros para conter o carvão vegetal dentro do filtro.

Para o preenchimento do filtro foram utilizados 80 g de carvão vegetal triturado produzido a partir do endocarpo de frutos de macaúba.

Ao acoplar o filtro na tubulação de abastecimento hídrico da residência, espera-se que ocorra adsorção do carvão com os resíduos de insumos agrícolas presentes em água eventualmente contaminada com glifosato e nitrato.

(Adsorção é um processo fisioquímico pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de sólidos através de interações de natureza química ou física).

Como começou tudo

A partir das atividades propostas na Disciplina Eletiva “Vai um café aí?” (Disciplinas Eletivas nas escolas do Programa de Ensino Integral são um dos componentes da Parte Diversificada do Currículo, de livre escolha dos professores e que tratam de assuntos relevantes e de interesse dos alunos de modo a aprofundar os conteúdos da Base Nacional Comum), a turma pode acumular conhecimentos sobre a história do café no mundo, no Brasil, na região da Alta Mogiana e na cidade de Franca/SP.

Logo após, houve um estudo sobre o ciclo produtivo do café, em que os alunos ilustraram todos os processos envolvidos na produção do café, desde a produção de mudas até o consumo da bebida pelo consumidor final.

A partir desta ilustração, os alunos foram incumbidos de identificar possíveis problemas ao longo do ciclo produtivo do café.

Entre os problemas identificados, destacam-se: desmatamento; preço elevado de fertilizantes; preço elevado de maquinário; utilização de plástico para a produção de mudas de café; problemas climáticos – seca e geadas; ocorrência de pragas; descarte de cápsulas; e problemas ambientais decorrentes do uso de agrotóxicos.

Uso de agrotóxicos

Este último problema despertou a curiosidade e a iniciativa para o desenvolvimento deste projeto, uma vez que o Brasil é um dos maiores consumidores mundiais destes produtos e sua utilização é frequente nas lavouras de café na região de Franca/SP.

A cidade de Franca/SP é uma das cidades brasileiras que mais se destaca na produção de café.

A cidade concentra uma produção anual correspondente a pouco mais de 15% da produção total de café no Brasil e, em 2020, o setor cafeeiro representou cerca de 20% da economia total da cidade.

Para manter a produção, o setor utiliza intensivamente insumos agrícolas, como fertilizantes, destinados para a nutrição do cafeeiro, e agrotóxicos, indicados para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas que podem comprometer a produção das lavouras.

Solução para todos

Contudo, após a sua utilização, tais substâncias podem infiltrar-se no solo, contaminando as massas subterrâneas de águas, ou podem sofrer o processo de escoamento superficial, contaminando águas superficiais.

Seu deslocamento para a água pode ocasionar efeitos adversos em animais e em seres humanos quando estes consomem essa água contaminada.

Diante desta situação, o objetivo do projeto é remover eventuais resíduos de insumos agrícolas presentes em águas de abastecimento humano utilizadas por trabalhadores e/ou moradores das imediações de lavouras de café da região de Franca.


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