Catarata, umas das principais causas de cegueira, também afeta cães

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 4 de setembro de 2022 às 21:00
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A boa notícia é que a catarata canina é reversível e já pode ser tratada por meio de métodos consagrados na medicina humana

Catarata é uma das principais causa de cegueira no mundo, inclusive em cães – foto Freepik

 

A catarata é uma das principais causas de cegueira e baixa visão em todo o mundo. Atinge em torno de 65 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda que possa ser tratada.

O que nem todos sabem é que a doença também é bastante comum entre a população canina, que está vivendo mais e que aumentou nos dois últimos anos, totalizando 54,2 milhões de cães, de acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação).

“Como em humanos, a catarata canina consiste na perda de transparência do cristalino, que é a lente natural dos olhos, responsável pela passagem da luz até a retina para formar as imagens”.

“Os principais sintomas são opacidade dos olhos e perda da visão. O diagnóstico é feito mediante consulta clínica com veterinário especializado”.

“O tutor ou a tutora deve dar atenção à saúde ocular do seu pet, pois alguns indícios podem representar um comprometimento na vista, como esbarrar em objetos e móveis, ansiedade ou apatia, mudança na coloração dos olhos, num tom azulado”, elucida Luiz Fernando Lucas Ferreira, médico veterinário, doutor em cirurgia veterinária.

O profissional explica que inflamação e diabetes são fatores de risco, mas alguns estudos relacionam a condição à herança genética.

“A catarata costuma ser mais incidente entre as raças poodle, cocker spaniel, schnauzer, yorkshire terrier, shih-tzus, entre outras”.

“Vale lembrar que, além da catarata, os cães podem manifestar outras doenças oculares, como glaucoma, úlcera de córnea, uveíte, entrópio e ceratoconjuntivite seca (CCS)”, afirma Ferreira.

Fábio Brito, que também é médico veterinário e pós-doutor em oftalmologia veterinária, frisa que o acompanhamento de um especialista desde o primeiro ano de vida é crucial para prevenir e/ou corrigir problemas de visão.

“Apesar de as pessoas associarem a catarata ao paciente idoso, existe a catarata congênita, em que o animal já nasce com catarata, e a catarata juvenil, ou seja, que acomete o paciente entre um e três anos de idade”.

“Então, é importante fazer consultas periódicas, uma vez ao ano”, alerta o médico, que também é presidente do Colégio Brasileiro de Oftalmologia Veterinária (CBOV).

“Existem várias consequências quando a catarata não é tratada, ou seja, quando o animal não é submetido à cirurgia, dentre eles podemos citar: luxação do cristalino (o cristalino sai do lugar), inflamações intraoculares, glaucoma e descolamento da retina, que podem até mesmo levar o pet à perda da visão de forma irreversível”, complementa Fábio.

A boa notícia é que a catarata canina é reversível e já pode ser tratada por meio de métodos consagrados na medicina humana.

Trata-se de uma cirurgia realizada através da facoemulsificação (cirurgia menos invasiva), que consiste na retirada do cristalino e substituição por uma lente intraocular.

Uma das novidades para este mercado é o recente lançamento das lentes IoVet, da ViZoo Oftalmologia Veterinária, uma lente intraocular de micro-incisão desenvolvida especificamente para pets que tem como diferenciais alta estabilidade, performance e segurança.

Luiz Fernando informa que a cirurgia de catarata canina é considerada recente no Brasil, chegou há pouco mais de 20 anos, sendo mais frequente e realizada há mais tempo nos EUA, Canadá, Japão, na Europa e Austrália.

Saiba mais sobre a cirurgia de catarata canina

Para realizar o procedimento, são necessários alguns exames prévios, conforme explica Fábio Brito.

“São solicitados exames como hemograma, função hepática e renal, exames bioquímicos e parecer cardiológico, tendo em vista que o paciente será submetido a uma anestesia geral”.

“É realizada ainda uma ultrassonografia para avaliar a morfologia dos olhos, mensurar o tamanho do cristalino para chegar ao tamanho ideal da lente intraocular, além de verificar se ainda existe luxação ou subluxação da lente e descolamento da retina”, declara.

“Um outro exame extremamente importante é a eletrorretinografia, que avalia a atividade elétrica das células da retina responsáveis pela visão – os bastonetes e os cones, tendo em vista que muitos dos animais apresentam degenerações retinianas, principalmente atrofia progressiva da retina, uma doença genética incurável que é uma contraindicação para a cirurgia se estiver em estágio avançado”.

O especialista acrescenta que a técnica também é contraindicada para pacientes com glaucoma com perda da visão e paciente que não pode ser submetido a uma anestesia geral.

Segundo o médico veterinário, o preparo do paciente é feito com antibióticos e anti-inflamatórios tópicos e antibiótico sistêmico, por volta de um a três dias antes do procedimento, dependendo de cada medicamento, além de cicloplégicos para dilatação da pupila.

“A cirurgia em si é simples e rápida: é feita uma incisão de 2,8 milímetros, seguida de uma abertura na cápsula anterior que envolve o cristalino e, com ajuda do aparelho de facoemulsificação, a catarata vai sendo fragmentada e aspirada até sua completa remoção”.

“Depois de completamente removida, é implantada uma lente artificial específica para cães e fechada a incisão com dois pontos para finalizar a cirurgia”, explica o especialista.

“Após cerca de 30 dias o cão poderá retomar normalmente todas as suas atividades, livre de um problema que certamente afetaria muito sua qualidade de vida”, completa Fábio.

*Informações Correio Brasiliense


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