Crianças também podem ter ansiedade e é preciso realizar o tratamento certo

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 12 de novembro de 2021 às 21:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

A criança ansiosa se preocupa com coisas que não são próprias da infância, como contas e medo de ser assaltada

A criança ansiosa se preocupa com coisas que não são próprias da infância, como contas e medo de ser assaltada

Antes de tentar achar o brinquedo perfeito para ‘acalmar as crianças’, é importante estar atento a certos padrões de comportamento que podem indicar estresse ou transtornos de ansiedade nas crianças, orientam os especialistas.

Crianças ansiosas tendem a ter um medo exagerado de situações, dificuldades de interação social, compulsão alimentar e dificuldades de sono, e apresentam um sofrimento, segundo profissionais.

A criança ansiosa se preocupa com coisas que não são próprias da infância, como contas, medo de ser assaltada, da mãe não voltar, de acidentes, entre outras situações que revelam um sofrimento em situações que não deveriam ser ameaçadoras para a criança.

Diferentes níveis

Assim como os adultos, as crianças podem apresentar três graus de ansiedade: leve, moderado e grave.

“Nos casos leves, a criança apresenta boa socialização, não é irritada ou isolada, não tem transtornos alimentares”, explica a pediatra Ana Márcia Guimarães, membro do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

A especialista ainda explica como o comportamento muda em casos de ansiedade.

“Nos casos mais comprometidos, a criança já demonstra algum transtorno alimentar, de sono, dificuldade de socialização, adoece com frequência, não suporta o afastamento dos pais. Nestes casos, pode precisar de uma avaliação com um neuropediatra ou pediatra do desenvolvimento”, diz a profissional.

Os casos graves, menos comuns, podem requerer remédios psiquiátricos, mas primeiro deve haver um caminhamento do pediatra, ressalta o neurologista da infância.

Isolamento

As consequências do isolamento social durante a pandemia de Covid-19 criaram situações que serviram de gatilho para a ansiedade em crianças.

“A pandemia aumentou muito a ansiedade das crianças porque elas deixaram de ter uma válvula de escape, e quando vimos algumas desenvolveram transtornos de ansiedade, como a depressão, que a família não consegue detectar. Em casos mais severos, pode melhorar com terapia e às vezes medicação”, afirma a médica.

Como diminuir a ansiedade

Fatores genéticos e ambientais também podem ser gatilhos da ansiedade em qualquer idade. Isto é, se os pais são ansiosos, se o clima familiar é estressante, é natural que a criança absorva tais comportamentos, explicam os especialistas.

Tudo isso em níveis aumentados, pode realmente desencadear transtornos de ansiedade nas crianças, por isso, é fundamental excluir ou diminuir os focos de estresse do convívio das crianças (dos adultos também, quando possível), segundo a psicóloga.

“Para os pais ou responsáveis, é importante que tenham o estilo de vida menos estressante possível, criem uma rotina que propicie qualidade de vida para a criança, sem muita agitação, sem muito estresse, com horários para dormir, comer, estudar, e ter momentos de relaxamento”, diz Marilene Kehdi, especialista em psicologia clínica.


+ Comportamento