Gominhas para cabelo e unhas viram febre nas redes sociais, mas será que funcionam?

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 10 de outubro de 2021 às 07:00
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As gominhas têm formato de bala, de coração e de ursinho, são coloridas, açucaradas e ainda prometem melhorar a pele, os cabelos, as unhas e até a imunidade

Coloridas, açucaradas, com formatos divertidos e que prometem cabelos e unhas mais longos e fortes – essas são as gominhas

 

As gominhas têm formato de bala, de coração e de ursinho, são coloridas, açucaradas e ainda prometem melhorar a pele, os cabelos, as unhas e até a imunidade.

As influencers do Instagram não medem esforços em divulgar uma diversidade de produtos do mesmo gênero, mostrando o “antes e depois” com cabelos longos e fortes. Mas, e aí, isso funciona mesmo?

Abaixo, veja perguntas e respostas sobre as gominhas da moda:

– O que são as gominhas?
– Elas funcionam?
– Quando elas poderiam ser “receitadas”?
– Há riscos no consumo?
– Funcionam contra queda de cabelo depois de pegar Covid?
– Quanto custa?

Veja abaixo em detalhes:

1. O que são as gominhas?
São gomas para mastigar coloridas com várias vitaminas anunciadas na composição. As fabricantes prometem fortalecer os cabelos e as unhas dos clientes, além de aumentar a imunidade.

Existem algumas opções no mercado, vendidas em farmácia ou pela internet. São alguns dos ingredientes desses suplementos: vitaminas A, D2, E, C, B5, B6, B12, cálcio, iodo e biotina.

2. Elas funcionam?
Depende, de acordo com especialistas.

Lara Natacci, doutora em nutrição pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), disse que alguns nutrientes são de fato importantes para pele e cabelo, como a biotina e o ferro.

“A biotina é a vedete desses suplementos porque ela realmente tem ação no cabelo, na pele e na unha”, explica Lara Natacci.

“Mas depende do resto. Depende dos hábitos em geral, depende do seu sono, da atividade física, da alimentação como um todo, porque não é só tomar vitamina, você tem que comer mais fruta, legumes, verduras, que tem outras fontes de nutrientes, tem fibra, até pra ajudar o intestino a funcionar direito, pra ajudar no metabolismo em geral. Isso aí não é milagroso, isso só pode ajudar”.

Isoladamente, por terem uma quantidade tolerável das substâncias, o consumo não deve fazer mal. Mas, segundo as especialistas, as gomas não resolvem o problema sozinhas.

3.Quando elas poderiam ser “receitadas”?
As gominhas poderiam ser receitadas quando um paciente vai ao médico especialista (seja uma nutricionista ou uma dermatologista) e descobre a deficiência de uma vitamina ou proteína.

Então, as gominhas podem ser uma das alternativas. Por serem mais saborosas que os comprimidos, podem ser uma solução mais agradável para ingerir durante a rotina.

“Pacientes que tem dificuldade para engolir, principalmente idosos, ou aqueles que tem alguma especificidade na alimentação, como uma dieta vegetariana ou vegana, com pouca proteína.

Esses grupos podem realmente necessitar de suplementação proteica ou de suplementação de vitamina B12, caso seja identificado”, explica Fabiane Andrade Mulinari Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Segundo a especialista, existem “pouquíssimos estudos científicos que demonstram que a suplementação vitamínica melhore queda de cabelo ou qualidade do fio”.

“A não ser que o paciente tenha alguma deficiência mesmo. Então, habitualmente a gente não suplementa vitamina para todos os pacientes. A gente só indica quando consegue identificar uma deficiência”, alerta Fabiane Brenner, da SBD.

4. Quais são os riscos?
Para Brenner, o primeiro risco está associado ao que pode ser um dos principais “atrativos” das gominhas. Muitas delas têm açúcar na composição.

É importante que o consumo esteja de acordo com a recomendação da embalagem, com atenção redobrada às pessoas ansiosas.

“O perigo da goma é ela ter muito atrativo. Então, às vezes, a gente fala para tomar uma por dia e quando você vê o paciente já comeu um pacote”.

Além disso, alguns ingredientes causam efeitos negativos se consumidos em excesso. A maioria das gominhas tem a vitamina A na composição e, segundo Benner, o excesso da substância traz o resultado contrário ao objetivo inicial da ingestão: leva à queda de cabelo.

“Muitos desses pacientes que tomam a goma também já tomam um polivitamínico que tem vitamina A e também ingerem vitamina A na sua dieta. Aí, você vai ter uma supercorreção, que pode fazer queda de cabelo”.

O mesmo vale para a vitamina C: em excesso, para pacientes que tem um cálculo urinário, facilita o depósito de cálcio e aumenta a chance de ter pedra no rim. Já a biotina, de acordo com a nutricionista, pode alterar resultados de exames.

“A biotina pode alterar algumas dosagens hormonais, algumas dosagens dos exames de sangue. Não é que ela altere o metabolismo do corpo, mas no exame de sangue ela pode causar dúvida. Ao colher, por exemplo, uma dosagem de hormônio tiroidiano, aquele resultado pode dar errado”.

5. Funciona para tratar queda de cabelo depois de pegar Covid?
Não.

Após a recuperação da infecção pela Covid-19, um dos sintomas que podem persistir por algumas semanas ou até meses é a queda de cabelo.

Brenner explica que isso acontece porque, na verdade, durante a infecção, o cabelo para de crescer.

“E é como se fosse um efeito dominó, muitos fios de cabelo param de crescer durante o período em que o paciente está doente. E esse cabelo vai cair, só que vai ser reposto em seguida. Como ele já parou de crescer, ele vai precisar cair. E a suplementação vitamínica não vai poupar esta queda”.

6. Quanto custa?
Os preços variam muito. O pote com 30 gomas pode custar R$ 50, R$ 100, até R$ 150. Depende da marca e da composição.

*Informações G1