Com aterro “fechado”, empresas de calçados não têm onde descartar resíduos

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 8 de outubro de 2021 às 07:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2021 às 07:36
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A saída está no envio do material para cidades vizinhas, como Sales Oliveira e Uberaba, que encarece custo em 200%

 

A saída está no envio do material para cidades vizinhas, como Sales Oliveira e Uberaba, que encarece custo em 200%

As indústrias de calçados de Franca não estão tendo como descartar os resíduos que sobram após o processo de produção.

A reclamação partiu do empresário Paulo Roberto Muller Sanches, que atua no setor de coleta de resíduos industriais.

Ele afirmou, na Câmara de Franca, que está encontrando dificuldade para fazer o descarte dos resíduos de couro das indústrias calçadistas francanas.

Proibição

De acordo com Paulo, desde a última semana, não está sendo permitido o descarte do material no aterro sanitário, administrado pela Empresa Municipal para o Desenvolvimento de Franca (EMDEF).

A razão desta proibição está no disposto na Decisão da Diretoria da Cetesb nº 145 /2010, que estabelece diretrizes para o gerenciamento de resíduos.

Entre eles, resíduos de aparas de couro e de pó de rebaixadeira oriundos do curtimento ao cromo, orientação que passou a ser cobrada pelo órgão ambiental.

Conforme o documento, este tipo de resíduo não pode ser dispensado no aterro sanitário de Franca, em virtude da alta concentração de cromo existente no material, que poderia causar danos ao meio ambiente.

Mais caro

A saída está no envio do material para cidades vizinhas, como Sales Oliveira e Uberaba-MG.

Porém, uma dificuldade apontada pelo empresário é a elevação no custo do serviço:

“O que hoje é cobrado em média R$ 20 o tambor em nosso aterro sanitário, lá para fora está sendo levado a R$ 70. Isso está causando um impacto muito grande social, um impacto, claro, ambiental, sempre tem, mas um impacto de empregos e, principalmente de renda e economia para nossa cidade”, afirmou o empresário.

Paulo criticou ainda o fato de a medida ter entrado em vigor de forma repentina, não permitindo a adequação por parte das empresas, que descartam o material no aterro sanitário desde sua construção.

Outro ponto criticado pelo munícipe é a penalização do final da cadeia produtiva, considerando que a aplicação do cromo no couro acontece no início do processo nos curtumes.

Defesa dos vereadores

Os vereadores concordaram com o empresário, de que a mudança deveria acontecer de forma gradativa.

Donizete da Farmácia criticou o momento em que a Cetesb promove a mudança nas regras do descarte. Segundo o parlamentar, os empresários que já vêm sofrendo com o momento difícil da economia, não terão condições de suportar uma elevação de custos na casa de 200%.

“O pessoal vai começar a descartar nas margens das rodovias, nos rios, isso que vai acontecer”, afirmou Donizete.


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