Conter preços de combustíveis é a prioridade número zero do Palácio do Planalto

  • Robson Leite
  • Publicado em 3 de outubro de 2021 às 08:00
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Bolsonaro sabe que o preço da gasolina e do diesel nas bombas é um dos principais obstáculos para a campanha de reeleição de 2022

Governo federal sabe que o aumento de combustíveis desgasta a sua imagem e trabalha num solução duradoura

Uma solução para conter a alta dos combustíveis assumiu o topo da lista de prioridades do Palácio do Planalto.

Hoje, o tema na cúpula do governo é mais urgente do que o Auxílio Brasil, programa substituto do Bolsa Família.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro passaram a considerar o preço da gasolina e do diesel nas bombas um dos principais obstáculos para a campanha de reeleição de 2022.

A avaliação no Planalto é que mesmo o lançamento de um programa social turbinado tende a ter impacto eleitoral reduzido caso o governo não encontre uma saída para o problema dos preços.

Com isso, a questão está à frente do Auxílio Brasil e de uma saída para a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos precatórios.]

Medidas

Em reuniões coordenadas pela Casa Civil, assessores palacianos têm discutido medidas que podem ser adotadas.

No momento, eles apostam na aprovação de um projeto que muda regras de cobrança do ICMS sobre combustíveis.

A articulação na Câmara está sendo capitaneada pelo próprio presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), que tenta resolver um impasse envolvendo o texto.

O governo quer que a redação a ser aprovada no Congresso tenha o mesmo conteúdo do projeto que foi enviado pelo Planalto e que prevê um valor uniforme do ICMS.

Combustível desafia planos de Bolsonaro

Na última vez que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Petrobras para tentar frear o aumento dos preços nos combustíveis, anunciou a demissão de Roberto Castello Branco — substituído pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna — e provocou a perda de mais de R$ 100 bilhões em valor de mercado da estatal em apenas quatro dias.

A estratégia de mexer no comandante da petroleira fracassou. Nove meses depois, o governo se vê às voltas com seguidos aumentos nos preços dos combustíveis — na última terça-feira, a estatal aumentou o preço do diesel em 8,9%.

Bolsonaro fala em novas intervenções na empresa e acusa os governadores de serem os responsáveis pelos altos preços cobrados nas bombas, tanto que os ameaça com uma tarifa única para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal fonte de arrecadação das unidades da Federação.

No último dia 27, após Bolsonaro reafirmar a disposição de conter o preço dos combustíveis à força, a Petrobras convocou uma coletiva de imprensa para falar sobre o assunto, o que deixou o mercado financeiro estressado.

Silva e Luna, porém, assegurou que a política de correção de valores na refinaria não muda.


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