Variante delta chega para anarquizar a área da saúde e bagunçar o cenário econômico

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 25 de agosto de 2021 às 08:00
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Com as eleições se aproximando, os governos relaxam as restrições antes da hora e deve acontecer um aumento da exposição ao vírus

Os impactos da nova variante vão além das questões sanitárias e podem afetar vários aspectos econômicos

Quando tudo levava a crer que o dia do coronavírus dobrar a esquina em direção ao esquecimento poderia estar próximo, eis que surge uma nova cepa, a variante delta, duas vezes mais contagiosa que o Sars-Cov-2 original.

Se até então se estimava que o controle da infecção pela imunidade de rebanho seria atingido quando a vacinação atingisse 70% da população mundial, agora todos os cálculos começam a ser refeitos.

Para Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), o Brasil não está levando esse risco tão a sério como deveria.

“Nos Estados Unidos, Austrália e China, o estrago está sendo rápido. Por aqui, as internações já subiram no Rio de Janeiro, que é o epicentro da variante delta”, afirma.

Cuidados

“Com as eleições se aproximando, os governos relaxaram as restrições antes da hora. Vai haver um aumento da exposição ao vírus e o brasileiro já não tem uma aderência adequada ao uso da máscara e outros cuidados.”

Os impactos da nova variante vão além das questões sanitárias e podem afetar os investimentos. Especialistas apontam que a alta da inflação e o pessimismo dos mercados são apenas algumas das possíveis implicações.

Nicola prevê que a reabertura precoce levará a uma grande piora do quadro sanitário nos próximos 2 a 3 meses. “Isso vai afetar principalmente o setor de serviços, que vinha esboçando uma recuperação neste trimestre.”

Pandemia

O aumento dos preços ocorre tipicamente quando há um desequilíbrio, em que a demanda supera muito a oferta dos produtos.

Na pandemia, a injeção de liquidez por parte dos governos provocou um aumento no consumo. Mas, com a produção ainda interrompida, faltaram produtos no mercado, fazendo os preços subirem.

“A pandemia desorganizou a cadeia produtiva. Uma parte da alta da inflação que tivemos se deve a isso. Se tivermos um recrudescimento da pandemia e tivermos que passar por tudo aquilo de novo [o fechamento da economia], isso vai afetar a inflação, sim”, diz Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos


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