40 mil francanos usam bicicleta como meio de transporte ou como prática esportiva

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 19 de agosto de 2021 às 06:30
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A constatação é unânime: a bicicleta é o transporte mais sadio e ecologicamente mais sustentável do planeta e atrai cada vez mais pessoas

O Dia do Ciclista vai ser comemorado por muitos com uma pedalada mais longa

Muitas pessoas estão trocando seus carros pela bicicleta como transporte diário devido a fatores como os engarrafamentos no trânsito, transporte público deficiente, poluição e, também, como busca por uma vida mais saudável.

Segundo o empresário Jhone Hebert, da Station Bike, cuja empresa vende equipamentos e dá assistência técnica, cerca de 40 mil francanos utilizam bicicletas como transporte diário ou esportivo.

A bicicleta como meio de transporte urbano é uma tradição em muitos países da Europa. Os cartões postais da Holanda mostram as ruas cheias de ciclistas.

Na França e na Inglaterra é comum o aluguel de bicicleta como meio de transporte. A pessoa destrava a bicicleta com uma ficha e pode devolver em outro ponto da cidade.

Nas grandes cidades brasileiras a moda ainda é insipiente, mas está começando a se alastrar: cada vez mais pessoas utilizam as bikes para chegar ao trabalho e, depois, voltar para casa.

Vida saudável

Nos últimos anos o ciclismo esportivo ou de lazer também tem crescido no número de adeptos, com mais pessoas procurando trilhas rurais como prática física e vida saudável em meio à natureza.

Democrático, o ciclismo une num mesmo grupo advogados, bancários, promotores de Justiça, professores, empresários, vendedores.

O que vale é o objetivo comum de estar congregado, praticando lazer e conhecendo novas áreas rurais, o que não seria possível num outro veículo.

Além disso, é um jeito de cuidar do corpo e da mente de uma forma despretensiosa.

Para os ciclistas existem algumas trilhas tradicionais em Franca e região.

 

Jhone Hebert, da Station Bike, já fez todas as trilhas existentes na região de Franca

Jhone Hebert cita a trilha até Restinga, e uma extensão dela, que segue até Ribeirão Corrente e volta para Franca.

Outra trilha vai além de Restinga e volta para Franca, totalizando 41 quilômetros, com ganho de 440 metros de altitude.

Trilha tradicional que reúne desde iniciantes é o bate e volta à Venda do Queijo, que totaliza 80 quilômetros, com 818 metros de ganho de altitude.

Tem também uma trilha que parte de Franca em direção a Patrocínio Paulista e continua por vias de terra secundárias em direção à divisa com Minas Gerais, bem mais difícil, que completa quase 80 quilômetros.

Os ciclistas costumam pedalar também até Ribeirão Corrente, saindo pelo Engenho Queimado e voltando pelo acesso à rodovia Cândido Portinari, num total de 53 quilômetros.

Esse pessoal mantém a disciplina e a tenacidade para cumprir 600 quilômetros de Franca a Aparecida

Os mais radicais fazem o Caminho da Fé, pedalando de Franca a Aparecida, no Vale do Paraíba. São cerca de 600 quilômetros cortando o interior de Minas Gerais e voltando ao estado de São Paulo na Serra da Mantiqueira.

Realizado de uma a duas vezes por ano, liderados por Gustavo e Fabiano Hecker, com o apoio de Ademir, o grupo reúne pessoas de todas as idades, de adolescentes até idosos.

Cada vez mais longe

A administradora Maristela Morais começou a praticar ciclismo há um ano e meio, a princípio timidamente. Incentivada pelo namorado Danilo Henrique Silva, foi ousando cada vez mais.

Do percurso inicial nas ruas do Jardim do Éden, hoje o casal faz grandes trilhas. Pedalar até Restinga, ida e volta é a rotina. Ir a Cristais Paulista ou Ribeirão Corrente fica para sábados ou domingos.

Mas não é incomum fazer ida e volta a Rifaina. Recentemente, o casal colocou as bikes no carro e foi pedalar no parque da Canastra.

Maristela e Danilo estão aumentando cada vez mais a distância das trilhas rurais. Até na Canastra já foram

A bicicleta oferece diversas vantagens aos usuários. Além de ter um custo bem mais barato do que o automóvel, causa menos acidentes e ajuda na saúde mental e física de quem a usa.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil tem mais bicicletas do que carros. São 50 milhões de bikes contra 41 milhões de carros.

Apesar disso, apenas 7% dos 40 mil ciclistas francanos (ou cerca de 2.800 pessoas) utilizam a bicicleta como meio de transporte principal.

Mas a tendência é de mudança, como meio de preservar o meio ambiente, diminuir a poluição e evitar os engarrafamentos que já são comuns em determinados horários e locais em Franca.

Segundo aponta a Associação Brasileira do Setor das Bicicletas (Aliança Bike), foi registrado um aumento de 50% nas vendas de bicicletas em comparação ao ano passado.

De R$ 1.700 a R$ 100 mil

Para a prática de ciclismo como esporte ou lazer, o ideal é começar com uma bike aro 29. O equipamento custa a partir de R$ 1.700, mas pode chegar a mais de R$ 100 mil.

É comum encontrar na internet equipamentos mais sofisticados ao preço de R$ 70 mil. O uso vai do gosto e do tamanho do bolso.

Agora já existe a E-Bike, como é conhecida a bicicleta elétrica. Na verdade, trata-se de uma bicicleta com motor de assistência e bateria recarregável, tanto na eletricidade como através da pedalada. Não é como uma moto, porque precisa da pedalada.

A bateria geralmente fica dentro dos tubos do quadro principal. Dependendo do preço, é fabricada em carbono leve, para rodar como bicicleta cross country tradicional, com uma suspensão que oferece mais comodidade.

A E-Bike usa o motor como um sistema de acionamento que multiplica força e velocidade.

A E-Bike, a chamada bike elétrica, desejo de consumo dos ciclistas, ajuda nas trilhas

Em Franca, o aumento do número de ciclistas dos últimos anos também multiplicou o número de lojas e oficinas de assistência e todas elas vivem repletas desses esportistas.

A advogada Adriana Costa Gonçalves fazia caminhada diária como meio de recarregar as baterias e fazer higiene mental, quando foi convencida pelo sobrinho Vinícius Costa Gonçalves a intercalar as caminhadas com o ciclismo.

Além de continuar combinando as duas práticas, levou seu filho Felipe, prestes a completar 17 anos, como companheiro de pedaladas nas trilhas rurais ou nos trajetos urbanos do final do dia. Felipe tanto acompanha a mãe como faz trilhas e percursos com seus amigos.

“Pedalar é investir na saúde, melhorar o preparo físico, ter mais capacidade de respiração, exercitar as articulações”, diz a advogada.

Ela explica que, como toda atividade esportiva, o início foi bem difícil, mas a persistência foi mais forte. Depois, cria-se o condicionamento e hoje só se cansa em percursos mais longos.

O cardiologista Ulisses Gianecchini reconhece a importância do ciclismo, mas indica um exame preventivo

Cardiologista

Atividade física com grandes benefícios, a pratica do ciclismo é recomendada entre os profissionais de saúde e educadores físicos.

O médico Ulisses Gianecchini, cardiologista no Hospital do Coração e na Unimed Franca, reconhece a importância de esportes, como ciclismo e caminhada, para o corpo.

Segundo ele, sendo atividades aeróbicas, o ciclismo e a caminhada ajudam na saúde cardiovascular e no controle da hipertensão arterial. “Além do que, pedalar e caminhar também facilitam o processo de emagrecimento”.

Médico que faz a sua caminhada diária, Ulisses Gianecchini reconhece que caminhar ou pedalar ajuda na saúde mental, pois possibilita a quem os praticam momentos de bem-estar.

Exame preventivo

O cardiologista diz que, para pessoas acima de 35 anos, independente do sexo, deve ser feito, de preferência, o teste ergométrico para que a capacidade funcional seja avaliada.

Abaixo dessa idade, caso exista uma alguma sintomatologia, seria interessante, além desses exames costumeiros, fazer um ecocardiograma.

Fazendo um alerta aos ciclistas que estão retomando a rotina dos pedais, o cardiologista ressalta que é preciso cumprir as medidas de segurança recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Nesse momento de pandemia, seria interessante que eles não saíssem em blocos. Porque existem espirros, aglomerações, e nem sempre se mantém o distanciamento. Ao parar em certos locais, para tomar uma água, é necessário cuidado com o distanciamento e o uso de máscara”, recomenda Ulisses Gianecchini.

Ciclovias ou Ciclofaixas

Como forma de pensar o transporte alternativo, Franca está parada no tempo

Franca ainda é uma cidade carente de ciclovias. Em 1997, quando Gilmar Dominici era prefeito, o Secretário de Planejamento, Mauro Ferreira, elaborou o Programa Cicloviário de Franca.

O Programa definiu como meta 120 quilômetros de vias, sendo ciclovias, ciclofaixas, sinalização, além de traçar alguns objetivos:

1º – Introduzir no Plano Diretor, na Lei de Plano Viário e Legislação de Uso e Ocupação do Solo a incorporação de ciclovias nos novos loteamentos e na adequação do sistema viário;

2º – Implantar 14 quilômetros de ciclovias como projeto piloto no Distrito Industrial e 380 rampas para deficiente físico ao longo das ciclovias;

3º – Integração dos modos de deslocamento a pé, por bicicleta e ônibus.

Passados 24 anos, Franca pode ter passado dos 14 quilômetros iniciais, mas não chegou nem perto dos 120 quilômetros projetados.

Existem algumas ciclovias isoladas em diferentes bairros da cidade, que não fazem parte de um projeto integrado que possa incentivar o uso de bicicleta como transporte diário.

O Dia do Ciclista, neste dia 19 de agosto, pode ser comemorado de várias formas, só não pode ser celebrado como uma conquista de integração com o transporte público.

Como meio de integração e prática de um esporte saudável, o momento é de comemorar, seja percorrendo as ruas do bairro próximo ou fazendo os longos trajetos de country cross.

Força nas pernas e otimismo na mente. Depois do percurso, tudo acaba em alegria… e cansaço.


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