Além da perda emocional, mortes por covid arrebentam potencial de renda das famílias

  • Robson Leite
  • Publicado em 16 de agosto de 2021 às 16:30
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A estimativa da FGV considerou a massa de rendimentos mensais totais das pessoas falecidas, incluindo aposentadorias.

Proporção de domicílios sem renda de trabalho passou ara quase um terço, no primeiro trimestre de 2021.

Além da inestimável perda emocional, as mortes por covid-19 já enxugaram a renda potencial das famílias em R$ 14,3 bilhões por ano.

Esse é o ganho que as pessoas de 20 anos ou mais que não resistiram à doença teriam, caso seguissem recebendo suas remunerações, na estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Diferentemente da queda de renda provocada pela perda de um emprego, que pode ser recuperada no futuro, com novos empregos ou aumentos de salário, esses valores precisarão ser recompostos por outros membros das famílias, colocando-as sob o risco da pobreza.

Os cálculos do estudo, que está para ser publicado e foi obtido pelo Estadão/Broadcast, foram atualizados na quinta-feira, quando o total de mortos por covid-19 estava em 557 mil.

Potencial

Isso significa que a segunda onda da pandemia, que já matou mais neste ano do que a primeira em 2020, elevou as perdas da renda potencial em 180%.

A versão inicial do estudo, de janeiro, calculava as perdas em R$ 5,1 bilhões, levando em conta o número de mortes registradas até meados de janeiro.

A estimativa da FGV considerou a massa de rendimentos mensais totais das pessoas falecidas, incluindo aposentadorias.

A perda prematura de aposentados afeta especialmente as famílias mais pobres, que muitas vezes têm na aposentadoria dos mais idosos uma importante fonte de renda.

Proporção

No primeiro trimestre de 2021, três em cada dez lares brasileiros viviam sem nenhuma renda do trabalho, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Devido à crise, a proporção de domicílios sem renda de trabalho passou de um quarto, no primeiro trimestre de 2020, para quase um terço, no primeiro trimestre de 2021.

“Tem muitos casos em que os idosos moram com filhos e netos. A perda dessa aposentadoria nem sempre dá direito à pensão, então, isso pode afetar o rendimento domiciliar dos mais vulneráveis”, diz Sandro Sacchet de Carvalho, pesquisador do Ipea.


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