País tem 15 milhões de desempregados, mas empresas buscam profissionais qualificados

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 20 de julho de 2021 às 08:00
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Ao mesmo tempo em que são milhares de desempregados, as empresas têm dificuldade para contratar pessoal com qualificação técnica

O trabalho do futuro será cada vez mais tecnológico, exigindo formação e treinamento dos trabalhadores

O Brasil tem um exército de 15 milhões de desempregados. Não parece fazer sentido que as empresas tenham dificuldade para contratar funcionários.

A realidade, entretanto, é um pouco diferente no dia a dia dos processos seletivos.

Segundo o portal 6 Minutos, companhias de diversos segmentos reclamam de dificuldades para preencher determinadas vagas, principalmente as que exigem conhecimento técnico e especialização digital associados a habilidades comportamentais.

“O mercado de trabalho é um organismo vivo e reflete a sociedade”, afirma Ricardo Basaglia, diretor-geral do PageGroup.

Ele diz que à medida que a sociedade se transforma com a digitalização, as empresas precisam se adaptar para oferecer novos produtos e serviços para se manter competitivas.

“Isso gera essa dicotomia: temos milhares de desempregados e dificuldade para contratar pessoal com qualificação técnica”, finaliza

O estudo Profissões Emergentes da Era Digital identificou que o país pode ter déficit de quase 700 mil profissionais no prazo de 10 anos em quatro áreas: tecnologia, indústria de transformação, agricultura e saúde.

Em comum, todas exigem que os funcionários tenham domínio de ferramentas digitais (veja quadro abaixo).

Carreira Oferta Demanda em 10 anos
Programador 161.900 203.600
Cientista de dados 47.700 74.000
Analista de segurança cibernética 15.200 83.000
Expert em digitalização industrial 4.000 7.200
Operador digital 280.000 583.000
Profissional de manufatura aditiva 2.700 11.000
Técnico em agricultura 40.200 11.2000
Técnico em agronegócio digital 4.700 29.000
Engenheiro agrônomo 22.400 75000
Engenheiro hospitalar 1.900 3.500
Técnico de assistência médica hospitalar 10.000 31.000
Engenheiro de dados da saúde 1.200 6.000

Esse déficit de mão-de-obra já existe hoje.

“Olhamos para os gaps de falta de profissionais e combinamos com as novas ocupações que estão começando a surgir. Algumas são profissões que já existem, mas que precisam ser atualizadas”, a firma Alejandro Frank, diretor do NEO (Núcleo de Engenharia Organizacional) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Ele cita o caso do operador de máquinas. A profissão não deixará de existir, mas as empresas precisarão cada vez mais de operador com conhecimento de tecnologia.

“O operador de hoje é um operador manual, ele aperta botões para operar máquinas. O operador do futuro, que futuro que já é realidade em várias empresas, vai conduzir máquinas a partir de tablets ou de painéis digitalizados. Ele precisa de alfabetização digital”, diz Frank.


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