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Foi verificado aumento de produtividade em cinco sacas (60Kg) por hectares (ha), com redução de R$520 nos custos de produção
Foi verificado aumento de produtividade em cinco sacas (60Kg) por hectares (ha), com redução de R$520 nos custos de produção
O pesquisador Omar Rocha, atual chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Café é um dos responsáveis pelo estudo que aponta a braquiária como aliada dos cafezai.
Sobre a a pesquisa, ele conta que foi buscar solução para ajudar o produtor no manejo das principais plantas daninhas que acometem o cafezal, além de melhorar a qualidade do solo.
“Quando iniciamos a pesquisa, por volta de 2004, já existia alguns estudos com uso de planta de cobertura nas entrelinhas de cultivos perenes, mas verificamos que a braquiária possuía características interessantes, como um sistema radicular que, com oferta hídrica regular, aumenta de 18% a 20% a água prontamente disponível no solo para a planta, além de melhorar a estrutura do solo”.
A adaptabilidade às condições locais, arquitetura adequada ao sistema produtivo da cultura, perenidade, facilidade de ressemeadura natural, rusticidade, facilidade de manutenção e resistência à mecanização são características desejáveis na seleção de uma planta de cobertura, descreveu Omar Rocha em sua tese de doutoramento em que estudou vários aspectos da inserção da braquiária como planta de cobertura na cultura do café.
“São características encontradas na braquiária, o que justifica a escolha dessa planta, além da larga disponibilidade desse capim em áreas produtoras de café”, afirma.
Rocha conta que sem o uso da planta de cobertura, a lavoura é acometida por plantas invasoras que exigem diferentes tipos de manejo para controle, resultando em uso excessivo de defensivos. Nesse sentido, o uso da braquiária apresentou redução de aproximadamente 40% na utilização de herbicidas e no uso máquinas e equipamentos.
Outras vantagens foram evidenciadas na capacidade da braquiária em armazenar e reciclar nutrientes, além de favorecer a atividade microbiológica devido à redução na temperatura média do solo.
O produtor de café e consultor Guy de Carvalho participou dos testes da tecnologia em campo. Ele disse que desde os primeiros experimentos ocorridos no Oeste Baiano onde o terreno é arenoso e o clima é quente, com período de chuva muito definido e longo, a introdução da braquiária já demostrou grande economia na produção, com menos uso de óleo diesel, pois foram realizados menos roçados, e com a racionalização do uso da água na irrigação, onde era utilizado bico spray.
“Observamos que a braquiária não competiu com o cafeeiro, além de contribuir para a ciclagem de nutrientes e a incorporação de matéria orgânica no solo”, conta.
Ele lembra que os experimentos com o uso da braquiária começaram em paralelo ao projeto Raioba, que tinha o objetivo de desenvolver e adaptar técnicas de manejo de água na cafeicultura irrigada em solos arenosos do Oeste Baiano.
No mesmo ano, foi adotado o estresse hídrico controlado, que promoveu a redução de custos, de perdas na colheita, de pragas, da requeima e da alta incidência de flores tipo estrelinhas.
“A tecnologia permitiu ainda o controle sobre a floração do cafeeiro e a uniformização da maturação dos frutos”, comemora. Este projeto foi conduzido no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa.
Atualmente, Carvalho possui plantações de café no Sul de Minas. Ele diz que na região, a utilização dessa solução tem proporcionado grande economia para o sistema produtivo –“gastamos atualmente metade do que gastávamos com o método de manejo tradicional”, comemora.
Ele tem incorporado a braquiária em terreno com declive. “A braquiária ajuda no controle de erosão e possibilita o uso de mecanização em linhas retas com até 30% de declividade,” conta. “Essa tecnologia serviu como uma luva para mecanizar em áreas declivosas”, disse com entusiasmo.
É importante que haja planejamento por parte do produtor na implantação da braquiária intercalando as linhas de pés de café e, apesar de fácil implantação, deve-se buscar orientação técnica para fazer o uso correto do sistema. O plantio da gramínea deve ser feito na formação e na renovação da lavoura, através de podas, permitindo assim a entrada de sol na plantação.
Com base na avaliação de impacto realizada, é possível estimar ganhos médios com o uso da braquiária na entrelinha da lavoura de café.
Foi verificado aumento de produtividade em cinco sacas (60Kg) por hectares (ha), com redução de R$520 nos custos de produção. A tecnologia proporcionou maior uniformidade de maturação e nutrição equilibrada, contribuindo para o aumento médio da peneira e a redução de defeitos, em especial em grãos verdes e ardidos, permitindo agregação de valor ao produto na ordem de R$ 906, por saca.
Jamilsen Santos explica que esses são valores médios potenciais e que cada produtor vai ter diferente resposta com esse sistema de produção, alertando para o fato de que o alcance de resultados altamente positivos depende também do uso de boas práticas agrícolas.