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Um corpo doado serve para diversos tipos de estudos e beneficia inúmeros estudantes por vários anos
Leila com suas filhas antes de falecer: doação de corpo foi com o consentimento dos filhos
O caso de doação de corpo que envolveu a dona de casa, Leila Nogueira da Silva, que faleceu no último dia 18, e revelado com exclusividade pelo Jornal da Franca na edição do dia 28, ganhou grande repercussão. Leila que fez aniversário (78 anos) na última segunda-feira.
A maior dúvida das pessoas era saber quais os estudos que seriam realizados e, o motivo que a dona-de-casa teve para promover a doação do próprio corpo para estudos.
Ocorre que ela, desde sua infância, apresentava problemas de coração, e mesmo com atendimento médico nunca descobriu o que tinha. Por isso, após analisar a possibilidade de doar o corpo o fez dentro do que a legislação determina. Mas, a situação não é tão comum em Franca.
Leila procurou, em vida, a Unifran e obedeceu às regras. E, após o seu falecimento, dia 18 de março, a filha, Rita de Cássia cumpriu o desejo da mãe.
AÇÃO
O ato da doação é considerado um gesto nobre. Há quem doe, por exemplo, roupas e alimentos para pessoas necessitadas ou brinquedos para crianças carentes.
É manifestar, em vida, o seu desejo de contribuir para o avanço da ciência, de forma a beneficiar pesquisadores e alunos em seus estudos na área da saúde.
A prática ainda é pouco expressiva quando comparada à de países como os Estados Unidos, onde quase todos os corpos usados para fins de estudos médicos em faculdades e universidades são provenientes da cultura de doação já estabelecida ao longo de décadas.
O Jornal da Franca procurou a Unifran para saber sobre o procedimento e entrevistou o professor Marcus Vinicius Jardini Barbosa – Coordenador dos Laboratórios Morfofuncional e de Práticas Integradas da UNIFRAN.
Acompanhe a entrevista exclusiva sobre o assunto.
Jornal da Franca: Como é feito essa doação?
A doação de órgãos para transplantes e do corpo para estudos é, antes de mais nada, um ato de amor ao próximo que deve ser sempre celebrado e estimulado. Especificamente com relação à doação de corpos, a pessoa deve, em vida manifestar esse desejo a sua família, pois quando o momento chegar serão os familiares que darão andamento a desejo do doador. Inicialmente é necessário elaborar um documento expressando o desejo de doar o corpo após a morte, que deverá ser assinado e registrado em cartório. Assim obtém-se o consentimento do doador para que seu corpo seja doado a uma instituição de ensino na área da saúde indicada pela pessoa, para fins de ensino e pesquisa. Para isso é também necessário um contato prévio com a instituição a fim de saber se há disponibilidade, interesse e local adequado para a guarda do corpo. É importante que um familiar responsável tenha em mãos uma cópia desse documento para que no momento adequado possa dar início ao traslado do corpo para a universidade.
Jornal da Franca: Como é feito essa doação?
Existe uma legislação, que é seguida pela Instituição, e temos um protocolo. Ao recebermos a documentação necessária do doador, o processo é levado para um cartório via departamento jurídico, onde o juiz dá ciência que o corpo daquela pessoa está depositado aqui na Universidade de Franca (UNIFRAN) e para um determinado fim: de ensino e/ou pesquisa. Assim, tudo fica muito bem documentado e a responsabilidade de uso e guarda passa a ser da Instituição que responde legalmente.
Jornal da Franca:Como serão os estudos?
Um corpo doado serve para diversos tipos de estudos e beneficia inúmeros estudantes por vários anos. É possível realizar desde uma simples análise antropométrica, até estudos anatômicos descritivos, dissecção e estudo de estruturas do corpo de forma geral e individualizada, análise de variações anatômicas, etc. É importante ressaltar que na medida que beneficia a formação do profissional, o maior benefício será social quando este profissional ingressar no mercado de trabalho.
Jornal da Franca: Quem pode doar e como é forma de doar?
A doação pode ser feita por qualquer pessoa dentro das suas condições normais de saúde, que esteja apta a manifestar seu desejo e que tenha mais de 18 anos. É necessário também assinar o documento/declaração, reconhecer firma e entregar uma cópia ao centro que receberá a doação. Vale ressaltar que é muito importante que os familiares diretos estejam cientes da decisão do doador, pois precisam ter em mãos uma cópia desse documento. Após o falecimento, o velório pode ser realizado normalmente. O que muda é que ao invés de se dirigir para um cemitério ou crematório, o corpo vai para a instituição de ensino escolhida pelo doador.
Prof. Dr. Marcus Vinicius Jardini Barbosa – Coordenador dos Laboratórios Morfofuncional e de Práticas Integradas da UNIFRAN