Volta às aulas: habilidades socioemocionais poderão ajudar bastante

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 12 de julho de 2020 às 15:03
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:58
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Estados e municípios ainda discutem formas seguras de retomar as aulas presenciais, ainda sem data prevista

Redes de ensino de todo o País apostam em habilidades socioemocionais para ajudar gestores, professores e famílias a lidarem com o retorno às aulas presenciais quando elas ocorrerem. 

São habilidades como persistência, assertividade, empatia, autoconfiança, tolerância a frustração, entre outras, que podem, de acordo com os especialistas entrevistados pela Agência Brasil, melhorar o aprendizado dos alunos e ser ferramentas importantes para lidar com a pandemia do novo coronavírus.  

“Estamos bastante preocupados com esses estudantes que vão voltar. Vai ter estudante que perdeu familiares, que têm familiares na UTI [unidade de terapia intensiva], a gente tem que estar preparado para isso. Estamos também preocupados com a questão cognitiva. Nem todos os estudantes tiveram as mesmas condições ou estão tendo as mesmas condições para estudar”, diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Cecilia Motta.  

O Consed firmou uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, que a partir do dia 16,  irá oferecer uma formação aos educadores, gestores e às famílias interessadas sobre as chamadas competências socioemocionais. 

Os técnicos e equipes de formação das redes de ensino participarão de reuniões fechadas e, a cada 15 dias, serão feitas lives abertas, pela internet, voltada a professores, famílias de estudantes e demais interessados.  

“Estamos vivendo algo sem precedentes na história da humanidade. De uma hora para a outra, tivemos nossas vidas transformadas”, diz o vice-presidente de Desenvolvimento Global e Comunicação do Instituto Ayrton Senna, Emilio Munaro.

“Nos deparamos com a situação de escolas fechadas, entre outras. As pessoas perderam o senso do que vai acontecer e se viram diante da imprevisibilidade, o que torna as pessoas ansiosas. Para controlar isso, eu preciso desenvolver minhas habilidades”, acrescenta.  

Segundo Munaro, habilidades socioemocionais podem ser aprendidas. Essas competências estão previstas, inclusive, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que estabelece o que deve ser ensinado em todas as escolas do país. 

De acordo com a BNCC, os estudantes devem ser capazes de “conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”.

Estados e municípios ainda discutem formas seguras de retomar as aulas presenciais que, na maior parte dos locais, não tem data prevista. Tanto o Consed quanto a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) divulgaram documentos para orientar as redes de ensino a estipular regras para a retomada. 

Nesta semana, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um parecer com Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia. 

De acordo com o parecer, a reabertura das escolas deve ser segura e consistente de acordo com as orientações das autoridades sanitárias locais e das diretrizes definidas pelos sistemas de ensino.

O parecer orienta ainda que as redes capacitem os professores e funcionários, pois “é essencial a preparação socioemocional de todos os professores e funcionários que poderão enfrentar situações excepcionais na atenção aos alunos e respectivas famílias, como também a preparação da equipe para a administração logística da escola”, diz o documento.


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