VOCÊ TEM IDEIAS?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 08:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:07
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O papel criativo das ideias na Modernidade Líquida

Em Modernidade Líquida, Zigmunt Bauman (* 19/11/1925 † 09/01/2017) trata sobre “IDEIAS” como a principal fonte de lucro do capital de amanhã.

“As principais fontes de lucro – dos grandes lucros em especial, e portanto do capital de amanhã – tendem a ser, numa escala em expansão, ideias e não objetos materiais. As ideias são produzidas uma vez apenas, e ficam trazendo riqueza dependendo do número de pessoas atraídas como compradores/clientes/consumidores – e não do número de pessoas empregadas e envolvidas na replicação do protótipo” (BAUMAN, 2001, P.190).

O foco do mercado precisa concentrar-se nos consumidores e na forma como eles podem consumir uma ideia produzida uma única vez. Escalável. Modismos à parte, não se trata de produzir só cursos ou álbuns musicais, alocar num e-commerce e ponto.

Trata-se de um nível mais profundo e inteligente.

Profundo porque ideias nascem de um processo criativo para gerar resultados criativos. Embora esta expressão tenha traços de “papo de vendedor”, vale pensar que ideias não nascem do nada e quando nascem, são validadas aprovadas pelos consumidores e então consideradas produtivas nos mais amplos sentidos: Político, social, econômico, biológico, mental, etc.

De maneira global o mercado precisa se reinventar, criando novos produtos, novas formas de remuneração, distribuição e principalmente comunicação.

Ninguém se torna consumidor assíduo de uma cerveja especial ou de um café gourmet porque este lhe pareceu apenas presente nas mídias. São marcas linkadas a fortes conceitos e histórias, são produtos pensados que disponibilizam conhecimento, experiências diferenciadas e cultura ao consumidor. Em resumo: Uma grande IDEIA.

A grande ideia não é a marca X da cerveja artesanal, mas o fato de ter uma história, um conceito amarrado a ela, uma experiência inusitada de sabor e fraternidade, feita à mão.

A grande ideia é a raiz: Cerveja Artesanal e não a marca X de cerveja artesanal.

A grande ideia do analgésico, por exemplo, foi criada há séculos, uma vez; e até hoje tira dor de cabeça de muitas pessoas.

Então é possível concluir que é a ideia, há séculos, a variável dotada de potência criativa, ou seja, uma vez concebida e instalada beneficia muitos por um longo tempo.

Portanto, como o mercado tem aproveitado as tecnologias disponíveis e acompanhado as mudanças de comportamento do consumidor para oferecer algo útil, capaz de beneficia-los, a preços justos, de qualquer lugar do planeta, com a comunicação mais clara, didática e transparente o possível?

A modernidade líquida caracterizada por seu aspecto inconstante e impulsivo, demanda e consome um grande número de ideias, até parece depender muito de ideias. Mas do lado sólido da modernidade, que talvez ainda sobreviva, residem ações capazes de olhar, compreender, planejar e agir pelo bem das pessoas e seus desejos e reais necessidades.

Não se trata de empurrar “voto de pobreza goela abaixo’ a quem queira consumir, mas proporcionar uma solução real, eficaz, acessível, disponível e clara.

Poucos almejam quantidades excessivas de consumo, quando aquilo que consumiram proporcionou alto nível de qualidade por ser uma boa ideia. Para quem quer uma Harley-Davidson, talvez uma basta, porque não é uma mera motocicleta é um estilo de vida.

Quanto ao consumo de medicamentos para dores (a grande ideia de séculos), citados neste texto, cabe ao consumidor refletir e perceber se não é hora de recorrer a outra ideia que não o faça dependente do medicamento e por consequência ter seu organismo prejudicado. Talvez um novo hábito alimentar e prática de meditação possam ser a dose diária, não excessiva, que dê um novo formato a sua qualidade de vida.

As grandes ideias estão por toda parte. Cabe ao produtor pensar se não parou no tempo e se o que quer é só porque quer ou tem um propósito guiado por uma nova ideia.

Cabe ao consumidor avaliar as grandes ideias (velhas e novas) e racionalmente se adaptar ou até mesmo ocupar o papel de produtor e ser autor da mudança (ideia) que deseja ver nascer.

Mesmo que adquirir uma Harley-Davidson seja uma decisão emocional, na razão, será mais salutar do que buscar estilo de vida em motocicletas que não sejam capazes de amparar seu modelo mental de estilo de vida.

Você sabe dizer quanto tempo sua empresa sobreviverá senão oferecer novas ideias ao mercado?

Talvez você não tenha esta resposta, mas os consumidores sabem muito, emocional ou racionalmente como uma nova ideia lhes faz bem.

*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.


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