Viva de você para o mundo!

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 20 de abril de 2017 às 00:23
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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Na semana passada tive o prazer de poder ir pra capital e curtir muitas das coisas que só São Paulo te oferece daquela forma, inclusive tomar chuva com alagamentos e muito trânsito. Entrei num estádio de futebol pela primeira vez, assisti ao show de um grande ídolo, andei na Av. Paulista de ponta a ponta descobrindo os novos comércios e revisitando os antigos pontos principais. Ir a um shopping que eu não entrava fazia anos, que tem meio que cara de infância, afinal, na minha cidade não tinha nem Mc Donald’s, ir para capital era até mesmo desfrutar de prazeres impossíveis aqui no interior.

O engraçado é pensar que quando nova, ia visitar os parentes e tinha horror daquela cidade, além de muito medo. Hoje talvez o medo tenha se transformado em cautela, e o horror se transformou em prazer, reviver antigos e novos prazeres, ver pessoas que eu consigo ver muito pouco (e nunca conseguir ver todas, porque o tempo é sempre curto), visitar lugares, sentir cheiros que me fazem bem porque São Paulo não cheira somente a poluição!

Uma outra experiência incrível foi poder ver uma exposição de um programa que eu amava, O Castelo Ra-Tim-Bum, programa que marcou a infância dos anos 90 e a história da TV Cultura. Há 3 anos, o MIS (Museu da Imagem e do Som) fez uma exposição sobre o programa que eu não consegui visitar, mas na época lembro-me de ler como valorizaram a parte sensorial, inclusive um dos ambientes principais era a cozinha em que eles aromatizaram com cheiro de café para realmente provocar os sentidos os visitantes. Essa nova exposição não é a mesma do MIS, ela se encontra no Memorial da América Latina, na Barra Funda, e apesar de recriar grande parte dos cenários e te fazer viajar no tempo, senti falta dessa parte sensorial no geral, não somente olfativa mas também sonora. Acho que são duas coisas que marcam, muito a nossa memória os cheiros e os sons. Como eu citei do shopping no começo do texto, é impossível um dia na vida não sentir ou ouvir algo e se lembrar de alguém ou algum momento.

Como por exemplo, uma pessoa que eu conheci a um tempo atrás, sempre perfumada, tinha uma coleção de mais ou menos 50 perfumes ou mais. Todos deliciosos, mas faltava uma marca olfativa sabe? Nem que fossem eleitas três fragrâncias, mas que quando alguém pudesse sentir aquele cheiro, lembrasse dela! É como o paladar, difícil encontrar alguém que não goste comer, e com certeza uma variedade de coisas, mas existem ao menos dois pratos que nos agradam mais. E quando você é convidado para jantar sempre segue a pergunta, e o que você mais gosta de comer?

Isso não é regra nem lei, mas tenho isso pra mim, assim como no mundo do marketing sensorial, em que lojas e marcas estão cada vez querendo criar um perfil para elas, creio que no nosso mundo pessoal também deveria ser assim. A gente não precisa ter medo de ser quem a gente é, mostrar do que gostamos, e se necessário mudar isso. Mas é gostoso poder pensar que alguém lembrou de nós porque ouviu uma música que sabe que gostamos, que comeu um sorvete do nosso sabor favorito, que sentiu um cheiro e se lembrou que é seu perfume. Uma frase do Papa Francisco marcou muito essa minha semana e representa todo esse texto muito bem: “A vida é boa quando você está feliz, mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa.”

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.


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