Vírus da zika se espalha mais pelo corpo que o da dengue, segundo estudo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de julho de 2018 às 17:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:51
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Zika ‘pega carona’ em células do sistema imune, enquanto vírus da dengue é engolido e imobilizado

Pesquisadores da Universidade
Estadual da Florida, nos Estados Unidos, demonstraram em estudo experimental
que o vírus da zika é muito mais eficaz em se espalhar pelo corpo e, para isso,
usa as células do próprio sistema imunológico. Enquanto os outros vírus
“ficam pelo caminho”, o zika consegue ir além, dizem os cientistas.

O estudo foi publicado nesta quinta-feira, 05 de julho, na
“Cell Reports” e teve como autores Hengli Tang, professor da
Universidade Estadual da Florida e Jianse lang, pesquisador de pós-doutorado.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores compararam o
vírus da dengue com o vírus da zika em uma série de testes.

Eles explicam, em nota, que ambos os vírus são muito
semelhantes em sua superfície, mas a característica do zika de chegar a mais
locais no organismo os levaram a fazer a seguinte pergunta:

– Há algo específico no vírus da zika
que faz com que ele se dissemine pelo organismo melhor que o da dengue?

Sim,
responderam os cientistas. E isso tem a ver com um tipo de célula imune
conhecida como “macrófago”. O zika, em vez de ser atingido por essa
célula, pega “carona” no macrófago, flutua pela corrente sanguínea e
chega a outras partes do corpo.

Dengue x zika

Macrófagos são células do
sistema imunológico que “engolem” qualquer tipo de substância
estranha: micróbios, bactérias e até células do câncer. Eles flutuam pela
corrente sanguínea e, quando um vírus invade o corpo, os macrófagos vão até lá
para combatê-lo.

Em testes realizados pelos cientistas, foi exatamente
isso que o macrófago fez com o vírus da dengue. Ao entrar na corrente
sanguínea, o macrófago engoliu o vírus. Não é o que aconteceu como zika.

Pesquisadores observaram essa
relação em testes em laboratório. Primeiro, eles extraíram macrófagos de
células-tronco. Depois colocaram essas estruturas em contato com o vírus da
dengue e o vírus da zika.

Em contato com o vírus da dengue, o macrófago perdeu sua
capacidade de se mover pela corrente sanguínea. Já no zika, os macrófogos
continuaram a flutar pelo sangue.

Para
Tang, o vírus da zika está impedindo que os macrófagos realizem seus deveres no
combate às doenças. Os cientistas se perguntam agora se o vírus da zika se
utiliza dessas mesmas estruturas para atravessar a barreira da placenta e do
cérebro — o que poderia, em parte, explicar a capacidade do zika de provocar
anomalias em fetos.


+ Ciência