VIDA DE MÚSICO

  • Fofocas Musicais
  • Publicado em 26 de março de 2018 às 12:39
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:23
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Em nossas Fofocas Musicais aproveitamos hoje para contar às pessoas como é a vida de alguns músicos, o que acontece nos bastidores, onde e como atuam, porquê atuam, como a sociedadereage, desde tempos de Mozart.

Hoje sabemos que a música de Mozart desenvolve o raciocínio lógico-matemático. Esta é uma das funções de suas Sonatas. Ao mesmo tempo relaxa e ativa.

Em sua época já contamos como a realeza tratava os músicos, que tinham que vestir o traje de librè ( de escravo)e não era permitido que se misturassem às pessoas da corte. Isso mudou com Mozart, que não aceitou tamanha discriminação.

Os pagamentos então eram ridículos ( como o são ainda hoje para alguns estilos musicais como o de Mozart por ex) . Ele recebia algumas moedinhas em troco de composições maravilhosas entregava à realeza ou à igreja.

Vamos mais longe um pouco, falar do comportamento da humanidade com relação ao dinheiro, esta doença que corrompe toda a atitude nobre e elevada. Jesus … lembram-se o que ele fez com os vendilhões do templo? Aqueles que montavam suas barraquinhas e só pensavam em vender seus produtos naquele templo? Ele os expulsou chicoteando seus produtos.

O dinheiro em detrimento da fé.

O dinheiro em detrimento da música elevada que cura.

Vendilhões!

E assim hoje continuam a tratar os músicos com desprezo, desdém, querendo mostrar a eles que nada valem, pagando o que é impagável. Estudar UMA, apenas UMA partitura de um chorinho por exemplo leva um tempo tão grande.. são centenas de notinhas, é um trabalho muscular intenso, há que se fazer uma academia de dedos para se estar em forma.

A interpretação de um tango precisa ser fiel ao clima que este proporciona, o mesmo com outros estilos onde o músico precisa transmitir a intenção do compositor naquela música, para que isso chegue às almas das pessoas.

Mozart certa vez escreveu numa carta:- “recebo aplausos, elogios, agradecimentos pela minha música, mas o pagamento não chega e eu passo dias e noites me dedicando a ela.”

No início do ano tive um convite para dar um workshop para crianças sobre a vida de Mozart. A proposta da escola era que iriam publicar e divulgar nas redes sociais, e para todos os alunos da escola. Não cumpriram com o prometido e Mozart mais uma vez ficou esquecido. Fui gratuitamente com o oferecimento de propaganda do meu trabalho. Eu já não dou aulas de teatro mais, porém aceitei para divulgar A MÚSICA. Divulgar também a importância do estudo de um instrumento. Mas recolheram a propaganda que coloquei nas cadeiras. Descumpriram a promessa. Mas isso é coisa da humanidade inconsciente da importância da música.

Esta semana toquei num evento que tratava da violência contra a mulher. Fiz questão de atender ao pedido de uma ex-aluna para apoiar o evento e a esta causa tão importante! A causa da violência doméstica. E a humanidade que continua violentando, agredindo, matando, fazendo as piores violências contra a mulher. Neste mês das mulheres fiz minha parte em música! E timidamente elas chegavam até o piano onde eu tocava para elas no Café de Abertura, na sala de espera para o evento, sorriam, algumas agradeciam, outras comentavam, outras fotografavam , outras filmavam e percebi a sensibilidade da mulher quando ouvem um piano tocando.

Mas noutro evento , desta vez comercial, que visa colocar a mulher no mercado de trabalho com lucros e boas vendas, sucesso financeiro e profissional, relegaram o piano, dispensando o serviço. No Mês da mulher duas atitudes tão antagônicas!Um evento grandioso com centenas de participantes, ingressos caros, palestrantes, uma hora de recepção com café, contratou e descontratou por causa de uma taxa simbólica que foi cobrada. Primeiramente queriam de graça, depois houve o pechinchar justificando o injustificável. Senti vergonha por quem estava desempenhando este papel pechinchador. O preço para tocar 90 minutos era o preço exatamente igual a UM ingresso para entrar no evento que vendeu todos os ingressos e realizaria as palestras num salão que comporta 2000 pessoas. Pelo menos 600 ingressos foram vendidos. É de sentir vergonha . Meu trabalho continua, não será este valor de UM ingresso que irá fazer a diferença na contabilidade, mas fica a mensagem de que ainda precisamos informar às pessoas sobre os efeitos da música num ambiente, o que ela proporciona, o que significa música ao vivooferecendo um repertório com Músicas dos Anos 70,Músicas clássicas, Chorinhos, Tangos, músicas típicas de cada país, etc. Um repertório preparado para a diversidade cultural, com aproximadamente 90 músicas tocadas ao vivo, de alma para almas.

Assim caminha a humanidade…Deixo uma frase de Arthur da Távola quando tinha seu programa “Quem tem medo da música clássica?” abordando sobre a falta de reconhecimento ao músico através de ‘ críticos’ de arte ou críticos do povo:

“- Atentemos a isso: – quem ficou para a História : – o crítico ou o músico?”

E outra frase que marcou foi de Cacilda Becker , a grande atriz quando lhe pediram para ‘ dar uma palhinha ‘ participando de um evento:

-“ Por favor não me peçam para fazer de graça a única coisa que tenho para vender.”

Mas antes de terminar, esta semana além de estes percalços, ainda fui ao estúdio fazer uma pequena participação numa composição de meu filho Eduardo , onde o refrão deste rap diz : “ eu vim pra incomodar” – relatando que a humanidade se cala perante fatos que merecem repulsa, que não agimos quando somos chamados a agir e passamos pelo planeta sugando o que podemos sem contribuir com ele.

Foi uma semana forte, intensa, com várias energias circulando.

Uma delas , um telefonema de um pai querendo aulas para sua filha e numa longa conversa onde preparou um questionário para se informar como funcionam as aulas, só tinham perguntas relacionadas a quanto custa. Quanto custa um teclado, quanto custa um piano, quanto custam as aulas, quanto… quanto quanto quanto custa…Em nenhum momento ouvi a pergunta: – o que será ensinado a ela? O que ela poderá desenvolver neste curso?Ao contrário disso um comentário chocante: – “quero ver se ela tem o dom, acho que a senhora não consegue avaliar numa aula, mas nas 4 aulas do mês, se ela tem o dom porque não tenho dinheiro pra jogar fora, ao mesmo tempo não quero fechar esta porta: pode ser que ela se encontre e tenha realmente o dom.”

Jesus Cristo! Que tristeza ouvir isso… Como já comentei em meus livros: – se a criança tiver o dom ela terá a oportunidade de estudar um instrumento, se não tiver o ‘ dom ‘ não poderá desenvolver –se ? Não poderá ter a oportunidade de fazer um curso pelo tempo que ela precisar para que possa se tornar uma musicista?

E finalizamos com Einstein : – O sucesso é ter 99% de transpiração e 1% de talento ( ou inspiração ou dom).

Olho para trás e vejo o quanto já trabalhei mostrando a utilidade da música, os efeitos que a música causa no cérebro e nas emoções, as infinitas possibilidades de desenvolvimento motor, cognitivo, espiritual, emocional, mas vejo que há tanto ainda para se fazer…

Em contrapartida tenho alunos e pais de alunos conscientes da importância deste desenvolvimento, mas conscientes de verdade. Alunos adultos procurando pelo ensino da música para lhes acrescentar habilidades, enfim, o mundo é feito de gregos e troianos.

*Esta coluna é semanal e atualizada aos domingos.


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