Vendedores do Magazine Luiza se tornam influenciadores digitais

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 19:16
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:41
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Rede varejista reconhece iniciativa de criação de vídeos para divulgar ofertas de produtos de forma divertida

Camila Sales Gomes, vendedora do Magazine Luiza de Avaré, foi reconhecida por dois anos como MagaStar por conta do sucesso dos vídeos  (Foto: Reprodução)

A utilização da omnicanalidade – termo usado para se referir à integração das vendas online com as feitas pelas lojas físicas – parece não ter limites. 

A versão mais conhecida é a que permite comprar pela internet e retirar na loja. Mas o Magazine Luiza extrapolou esse conceito ao adotar um projeto de digitalização das lojas físicas.

Batizado de Magalocal, o projeto fez com que cada uma das 1.000 lojas da rede no país tivesse a sua própria fanpage no Facebook e uma verba de marketing digital para trabalhar o público da sua região. 

“Algumas lojas passaram a desenvolver conteúdos com mais engajamento e alcance do que os da marca mãe”, disse Ana Paula Rodrigues, diretora de marketing do Magazine Luiza.

Um dos efeitos inesperados do sucesso dessas campanhas é que alguns vendedores acabaram se tornando uma espécie de influenciadores. 

Esse é o caso de Camila Sales Gomes, 30 anos, vendedora do Magazine Luiza de Avaré, no interior de São Paulo. Ela foi reconhecida por dois anos como MagaStar por conta do sucesso dos vídeos que ajudou a elabora. Um deles teve 10 milhões de visualizações.

“Avaré é uma cidade pequena, então todo mundo me conhece. Quando estou na rua, no mercado, na farmácia, as pessoas me param e dizem que sou divertida, que gostam dos vídeos”, disse ela.

Qual o segredo de sucesso das campanhas de mídias sociais das lojas físicas? Primeiro é o engajamento dos funcionários. 

Ana Paula diz que ninguém é obrigado a participar: a adesão é voluntária. “Nós demos apenas algumas diretrizes e eles passaram a produzir conteúdos engraçados, criativos. Os vendedores abraçaram essa causa e fizeram acontecer.”

Uma segunda vantagem foi conseguir trabalhar campanhas de forma mais assertiva por meio da geolocalização. “Cada loja define o que vai promover naquela semana”, afirma a diretora.

Mas como esses vídeos são feitos? Camila, da loja de Avaré, diz que primeiro faz a letra, junta a equipe e todos pensam em uma coreografia, que pode ser aleatória. 

“A gente canta, dança e grava. Todos participam, a criatividade é de toda equipe.” Ela diz que quando tem uma ideia fora do expediente, anota no celular e tenta incorporar depois no vídeo.

Como o público reagiu? Ana Paula diz que as campanhas criaram um sentimento de identificação do consumidor com a loja e vendedores da sua região.

“Quando o conteúdo é feito pelo gerente e pelo vendedor, o cliente se sente mais próximo. Ele sente que o conteúdo foi feito para ele, não foi uma campanha de prateleira para todo mundo. A campanha tem o sotaque daquela região. O cliente fica amigo do vendedor, vai à loja, toma um café”, diz Ana Paula.

Então os vendedores ficaram famosos? Dá para dizer que sim. “Eles se tornam quase uma pequena celebridade. Nas cidades pequenas, os clientes se sentem amigos do vendedor do vídeo”, conta a diretora.

Também funciona fazer esse tipo de anúncio nas grandes cidades? A executiva diz que sim. “Nas metrópoles, é ainda mais importante, pois as pessoas assistem menos TV. Elas passam mais tempo no transporte e o celular é o principal meio para atingi-las.”

Quem faz o vídeo ganha alguma recompensa? Ana Paula diz que os ganhos são indiretos: “Esses vendedores acabam sendo mais procurados e, por isso, vendem mais.”

Segundo ela, o Magazine Luiza decidiu dar outro tipo de compensação para os vendedores e gerentes que mais se destacassem: seriam transformados em MagaStars. 

“Os mais originais, que fizeram campanhas com menor custo e maior engajamento, vieram para São Paulo, fizeram um curso no Facebook, no Google e no Luiza Lab. No último ano, eles apresentaram seus conteúdos em um seminário de posicionamento estratégico.”

Camila se sentiu muito premiada: ganhou um quadrinho de MagaStar. “É quase igual àquele que o YouTube manda para os youtubers de sucesso”, afirmou.

Mas essas campanhas locais têm um custo, não? Existe um valor que cada loja recebe para impulsionar campanhas nas redes sociais, mas a quantia não é revelada. 

Ana Paula diz que o valor é muito baixo. Para efeito de comparação, um ano do orçamento de marketing para o Magalocal equivale ao custo de sete dias de campanha na TV aberta.

Cada loja recebe o mesmo valor? Não, o orçamento é dividido por regiões do país e cada responsável determina a quantia de acordo com o calendário de promoções e outras ações comerciais relacionadas ao público de cada divisão.

Veja alguns dos vídeos produzidos pelos vendedores de Avaré:

¨6Minutos


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