Vem aí “Netflix dos cinemas”, com plano de um filme por dia no Brasil

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de maio de 2018 às 17:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:44
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Em busca de cinemas parceiros, startup espera desembarcar em terras brasileiras já em 2019

O Brasil terá em
breve um serviço que permite assistir a um filme todos os dias. É o que promete
Mitch Lowe, CEO da startup americana MoviePass, que começará a procurar cinemas
parceiros no fim deste ano e estima o desembarque em terras brasileiras para
2019.

Com mais de 2 milhões de assinantes nos Estados
Unidos, a MoviePass é um serviço que se autointitula a próxima “Netflix dos
cinemas”. Custa 9,95 dólares por mês (na cotação atual, cerca de 35,82 reais) e
permite aos seus usuários verem um filme por dia

Mesmo com limitações – o usuário não pode reassistir
aos filmes e só pega seu ingresso na hora, sem reservar pela internet, o valor
de assinatura é menor do que o de um único ingresso para o cinema americano.

O custo-benefício atraiu tantos interessados que a
MoviePass quer expandir para a Europa e para a América Latina (incluindo o
Brasil). “Estamos confiantes de que nossa expansão internacional e nosso
crescimento nos Estados Unidos continuarão a atrair investidores”, afirmou Lowe.
“Em cinco anos, representaremos 30% de toda bilheteria nos Estados Unidos.”

Porém, a empresa esbarra em um problema comum ao
modelo de negócio de muitas startups: gastar dinheiro sem perspectivas de
retornos similares.

A conta vai fechar?

A MoviePass pratica um valor de assinatura que parece
bom demais para ser verdade – uma tática comum em negócios nascentes. A ideia é
usar os recursos captados com investidores para diminuir a barreira de entrada
dos clientes. Com mensalidades baratas, o volume de usuários cresce
vertiginosamente (e a concorrência quebra).

A startup pode, então, usar o grande volume de
receitas para cobrir lentamente seus custos, negociando parcerias com menor
custo por cliente e aumentando gradualmente a mensalidade. Com o tempo, a
margem de lucro se expande – e a startup se torna um negócio saudável.

Porém, a MoviePass já enfrentou poucas e boas
aplicando a estratégia. Vendo o dinheiro dos investidores secar e o retorno
demorar, o negócio tentou aumentar sua receita de duas formas. Primeiro, a
MoviePass tentou passar um plano que permitia apenas quatro filmes por mês, mas
teve que voltar atrás.

Depois, a companhia disse que usava dados de
localização de seus usuários para oferecer “uma tarde customizada” por meio de
anunciantes, que pagavam pelo acesso às informações.

Em um mundo no qual o Facebook passou por um
escândalo de venda de dados, os consumidores não gostaram nada de saber que
pagavam pela MoviePass dando seus hábitos de consumo. Lowe voltou atrás e disse
que a MoviePass não guardava, de fato, onde os usuários tinham ido antes e
depois de assistir a um filme – ele só estaria discutindo uma perspectiva
futura.

A principal
investidora da MoviePass é a Helios and Matheson Analytics Inc., que comprou a
participação majoritária na empresa em agosto de 2017. A empresa de dados vem
sofrendo uma desvalorização de valor de mercado vertiginosa nas últimas
semanas, com uma queda na ação de 3,02 dólares para 0,61 dólares no último mês.

Em resposta, Lowe afirmou em comunicado que a MoviePass
diminuiu entre 35 a 40% de sua burn rate – a velocidade em que os recursos da
companhia são “queimados” – ao coibir usuários que usavam os serviços da
MoviePass de forma indevida (emprestar para colegas e reassistir filmes, por
exemplo). “Nós sempre soubemos, desde quando a MoviePass foi lançada, que seria
um modelo de negócio com muita queima de dinheiro. Nós não estamos mudando
nossa projeção de 5 milhões de assinantes até o fim deste ano – o que nos faria
ter um fluxo de caixa positivo, de acordo com nosso modelo de negócio. Nós
temos acesso a 300 milhões de dólares por meio do mercado de capitais. Então,
há muito dinheiro disponível para manter o crescimento de assinantes e os
hábitos de cinema de nossos usuários.”

Lowe continua
defendendo que sua startup foi feita para gastar dinheiro até dar certo e que o
ponto de equilíbrio chegará em 2019 – junto com o desembarque em terras
brasileiras.


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