USP de Ribeirão testa app que avisa diabéticos sobre alterações glicêmicas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de dezembro de 2018 às 22:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:12
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Tecnologia promete antecipar mudanças em concentração de glicose no sangue com base nos hábitos do paciente

Pesquisadores da USP de
Ribeirão Preto em parceria com uma startup instalada no Supera Parque colocaram
em teste um aplicativo que promete ajudar pacientes com diabetes a evitar
alterações graves na concentração de glicose no sangue.

A tecnologia promete servir de alerta para futuros casos
de hipo ou hiperglicemia com base na rotina dos usuários, com dados como
alimentação, atividades físicas e tempo de sono.

Desde 2017, o aplicativo pode ser baixado gratuitamente
na internet e já funciona como um controlador digital do índice glicêmico, mas
a expectativa é de que a função preditiva esteja disponível a partir de 2019. “A
partir dessa digitalização, surgiu um novo conceito que é uma inteligência
artificial capaz de prever hiper ou hipoglicemia. Prevendo esses eventos, a
gente consegue atuar em ações preventivas e reduzir a ocorrência desses
eventos”, afirma Yuri Matsumoto, fundador e CEO da GlucoGear.

No futuro, o sistema pode ser
uma ferramenta importante para evitar complicações graves, afirma a endocrinologista
Maria Cristina Foss de Freitas, responsável pelo Ambulatório de Diabetes do
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) e professora da Faculdade de
Medicina (FMRP). “A grande vantagem do aplicativo é ajudar no
gerenciamento da doença. Quem tem diabetes, independente da idade e do tipo de
diabetes, tem que tomar muitas decisões ao longo do dia e isso fica complicado,
difícil pro paciente”, diz. 

Testes
no HC

Ao todo, 40 pacientes com diabetes do tipo 1 e 2 serão
acompanhados por um mês pela equipe no Hospital das Clínicas da USP.

As
informações disponibilizadas por eles são transformadas em gráficos que os
orientam sobre o que fazer ou não fazer para evitar alterações na concentração
de glicose no sangue. “Nesse momento estamos usando o aplicativo pra
coletar informações, principalmente sobre variabilidade glicêmica, o quanto sua
glicemia varia em relação ao tipo de alimento que ingere, à quantidade e número
de aplicações de insulina e medicamentos e a atividade física”, explica Maria
Cristina.

O empresário Plínio Sérgio de
Souza Junior é um dos pacientes que contribuem com a pesquisa. Com a diabetes
controlada, ele considera que a tecnologia será importante no futuro,
principalmente nas situações em que o paciente eventualmente sai da rotina. “Dentro
da minha rotina é fácil, porque sei já o que pode e não pode comer, o que devo
e não devo fazer. Porém, quando você está fora de sua rotina, fora do seu dia a
dia, você tem coisas diferentes que não sabe. Dispondo de um aplicativo pra fazer
uma previsão do que pode acontecer se você comer aquele alimento ou não é o
grito de liberdade pra gente”, afirma. 

Predição
da curva glicêmica

Passados os testes, os criadores do sistema pretendem
disponibilizar uma nova versão do aplicativo, hoje disponível para download
gratuito, com a funcionalidade que alerta para as futuras alterações
glicêmicas, além da compatibilidade com sensores glicêmicos e smartwatches.

A
predição da curva glicêmica, segundo a startup, está baseada no histórico de
glicemia do paciente, na quantidade de insulina injetada por ele, na
alimentação e na atividade física.

Além de
melhorar a qualidade de vida dos pacientes, a tecnologia pode ajudar na redução
de custos de tratamento médico e intervenções clínicas ocasionados pelas
complicações sofridas pelos diabéticos, afirma Matsumoto. “Quando a gente
reduz a ocorrência desses eventos, a gente melhora o controle glicêmico do
paciente, melhora o resultado clínico, reduz efeitos adversos e complicações
associadas à doença.”


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