Unicamp: pesquisadores descobrem substância que controla glicose no sangue

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de setembro de 2019 às 15:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:49
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Descoberta abre caminho para novos medicamentos contra o diabetes e dá possibilidade de novos tratamentos

Pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Alemanha descobriram que uma substância produzida pelo organismo humano quando o corpo é submetido a baixas temperaturas: o lipídeo 12-HEPE, que ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue. 

Os resultados abrem caminho para novos tratamentos contra o diabetes.

O estudo, publicado na revista Cell Metabolism, tem como primeiro autor Luiz Osório Leiria, pesquisador do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp). 

O grupo também observou, em pacientes humanos, que um medicamento usado no tratamento de disfunção urinária aumenta a liberação desse lipídeo na corrente sanguínea.

Em testes com células humanas, o 12-HEPE também aumentou a captação de glicose em células adiposas. 

Isso significa que, além de o lipídeo 12-HEPE contribuir para o processo de adaptação ao frio, existe a possibilidade de que a drástica redução dos seus níveis na corrente sanguínea de indivíduos obesos contribua, ao menos parcialmente, para o aumento da glicose no sangue.

A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos contra o diabetes e amplia a possibilidade de novos tratamentos com drogas já disponíveis no mercado.

Durante o estudo, um outro conjunto de voluntários magros e saudáveis recebeu doses de mirabegron, medicamento indicado para o tratamento de uma disfunção urinária conhecida como bexiga hiperativa, mas que também tem a capacidade de ativar o tecido adiposo marrom.

Esses pacientes tiveram níveis mais elevados de 12-HEPE no sangue.

“Atualmente, o mirabegron exerce uma série de efeitos, alguns não tão desejáveis. Ele promove a liberação de vários outros lipídeos, portanto, sua ação não é tão específica para a redução da glicose. Um lipídeo do tipo ômega-3 como o 12-HEPE teria um perfil toxicológico bem mais desejável”, explicou Leiria à Agência Fapesp.

Segundo o pesquisador, um grupo norte-americano realiza atualmente testes sobre os efeitos de doses menores do medicamento sobre os níveis de glicose.

O próximo passo é descobrir a qual receptor o 12-HEPE se liga para promover a captação de glicose. 

Tal conhecimento permitirá o desenvolvimento de novas moléculas que estimulem esse receptor.


+ Ciência