Um em cada 4 usuários de cartão entrou no crédito rotativo, diz pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de abril de 2019 às 00:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:31
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Modalidade para quem não pagou o valor total da fatura cobrou juros médios de 286,9% em fevereiro

A cada quatro brasileiros que fizeram
compras no cartão de crédito, um deles (25%) entrou no rotativo em fevereiro,
uma das modalidades de empréstimo mais caras do mercado. A linha é usada por
quem atrasa a fatura ou não paga o valor integral por mais de 30 dias.

O dado é de
uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e
pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Para usar o rotativo, o consumidor paga qualquer valor
entre o mínimo e o total da fatura. O restante é automaticamente financiado e
lançado no mês seguinte, com juros.

Em fevereiro, a taxa média de juros cobrados no cartão
de crédito rotativo era de 286,9% ao ano, só perdendo para o cheque especial.

Segundo o levantamento, 37% dos consultados optaram pelo
cartão para fazer algum tipo de compra, a primeira opção de crédito do
brasileiro. Assim, o uso do cartão ficou bem à frente do crediário, utilizado
por 10% dos consumidores.

Em nota, o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro
Junior, declarou que as facilidades oferecidas pelo cartão de crédito e o
aumento da sua aceitação pelos estabelecimentos comerciais “são as
principais razões para a liderança no ranking”.

Já o limite do cheque especial foi citado por 9% dos
consumidores, enquanto os empréstimos e financiamentos foram utilizados por 7%
e 5%, respectivamente. Ao todo, 44% dos consumidores utilizaram, ao menos, uma
dessas opções de crédito ao longo do mês de fevereiro, ante 56% que não usaram
nenhuma. 

Hábitos de consumo

A pesquisa também mostrou que a maior parte dos consumidores
utilizou o cartão de crédito – uma linha de crédito considerada como
emergencial – para consumir bens de primeira necessidade e gastos correntes do
mês.

As compras de alimentos foram
as mais comuns, citadas por 66% dos consultados. Segundo a pesquisa, o valor
médio da fatura em fevereiro foi de R$ 897,67.

Veja quais foram os itens mais
consumidos com o cartão de crédito:

Alimentos (66%)

Remédios (46%);

Roupas e calçados (36%)

Combustíveis (35%)

Idas a bares e restaurantes (29%)

Serviços de streaming (19%)

No limite do orçamento

A pesquisa da CNDL/SPC
mostrou, ainda, que a situação financeira da maior parte dos brasileiros é
dramática – 76% deles responderam que têm vivido no limite de seu orçamento.

Destes, quase metade (45%)
disseram que se mantêm no “zero a zero”, ou seja, não sobra dinheiro
algum no fim do mês para poupar ou investir. Outros 32% afirmaram que estão no
vermelho, com dívidas em atraso. Apenas 15% dos consultados estão no azul.

Crédito negado e juros altos

Ao tentar parcelar uma
compra, 19% dos entrevistados afirmaram que tiveram o crédito negado em
fevereiro. Segundo o levantamento, o principal motivo da recusa foi o nome
sujo, para 6% dos que não conseguiram empréstimo.

Além disso, a percepção de
que os juros estão altos piorou, mesmo com a taxa básica (Selic) mantida no
menor patamar em anos, a 6,5% ao ano – apontando que os impactos da crise sobre
a renda das famílias e empregos formais ainda pesa, indicou o SPC.

Quase 40% dos consumidores
consultados disseram acreditar que os juros finais cobrados na ponta estão mais
altos nos últimos três meses encerrados em fevereiro. Já para 27%, as taxas
estão estáveis, ao passo que somente 4% dos consumidores responderam perceber
alguma redução.


+ Economia