Touca gelada promete reduzir queda de cabelo pela quimioterapia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de junho de 2018 às 13:23
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:47
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A única cidade do interior paulista a oferecer o tratamento que resfria o couro cabeludo é Sorocaba

Receber o diagnóstico de
câncer de mama foi um baque para a administradora de empresas Elaine Lourenço
da Silva, de 54 anos. Ainda assim, não foi pior do que a notícia de que
perderia os cabelos durante a quimioterapia. Para superar o trauma, a sorocabana
descobriu uma maneira de diminuir a queda dos fios durante o tratamento.

Implantada primeiramente na Europa há mais de 25 anos, a
crioterapia capilar só foi aprovada nos Estados Unidos em 2016 e chegou ao
Brasil no ano seguinte. Sorocaba é a única cidade do interior do Estado de São
Paulo a oferecer o tratamento.

Assim que descobriu o câncer na mama esquerda, em março
do ano passado, Elaine fez a cirurgia para a retirada do tumor e, três meses
depois, deu início à quimioterapia com resfriamento do couro cabeludo.

A
oncologista Cláudia Grandino Latorre Palma conta que o equipamento foi
adquirido no Reino Unido por cerca de R$ 300 mil e é oferecido gratuitamente
aos pacientes que fazem quimioterapia no local. Dependendo do caso, o
procedimento tem de 50 a 90% de eficácia e ajuda a levantar a autoestima dos
pacientes.

Como funciona

Durante a crioterapia capilar,
o paciente veste uma touca de silicone conectada a uma máquina que resfria o
couro cabeludo a temperaturas entre 18 e 22ºC. “O líquido se espalha pela
touca, diminuindo a circulação de sangue e o contato do cabelo com os produtos
da quimioterapia”, explica Cláudia.

A touca é colocada cerca de 45 minutos antes e não pode
ser retirada até uma hora e meia depois do procedimento. Em geral, a aplicação
leva de três a seis horas e as sessões são realizadas a cada 15, 21 ou 28 dias.

Antes da sessão, o paciente precisa tomar alguns
cuidados, como cortar o cabelo na altura dos ombros e lavá-lo duas vezes por
semana (sempre nos dias anteriores às sessões), utilizando os produtos corretos
e uma escova macia. Secadores e tinturas podem comprometer o tratamento.

Durante a aplicação do produto, algumas pessoas costumam
sentir dores de cabeça e tonturas, que podem ser contornadas com analgésicos.
Além disso, é recomendado que os pacientes levem cobertores e roupas de frio
para se aquecerem, como blusas, calças e luvas.

Pouco conhecido

Apesar de ser mais comum entre
as mulheres, a crioterapia capilar também é recomendada para homens com câncer
de próstata e pulmão. Por inibir a absorção das drogas no couro cabeludo, não é
indicada para os tipos de câncer hematológicos ou para alergias ao frio.

A empresa que fabrica o sistema diz que ele é usado em
64 países, mas, no Brasil, ainda é pouco conhecido.

Em uma das clínicas de Sorocaba, cerca de 20 pacientes
fazem o tratamento oncológico com crioterapia capilar hoje. São, em média, 200
sessões por mês, acompanhadas por oito médicos especialistas.


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